China compra mais, e exportações taiwanesas indicam reação

TAIPÉ, TAIWAN (FOLHAPRESS) – As encomendas externas de produtos taiwaneses caíram pelo 14º mês consecutivo em outubro, segundo o Ministério de Assuntos Econômicos. Mas a queda de 4,6%, em relação a outubro de 2022, representou a menor taxa de redução em 13 meses.

O resultado se deve à variação positiva nas vendas de Taiwan para a China, de 1,2%. As vendas para os Estados Unidos caíram 1,4% em outubro, ano a ano. Para o Japão, 17,6%. Para a Europa, 45,8%.

Pequim é a maior parceira comercial de Taipé. Em 2022, o volume total, somando exportações e importações, entre China e Taiwan foi de US$ 271,4 bilhões, com superávit de US$ 100,4 bilhões para Taiwan, segundo a Administração de Comércio Internacional do país.

Em comparação, o volume entre China e Brasil naquele ano foi de US$ 150,4 bilhões, com superávit de US$ 29 bilhões para o Brasil, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Para este mês de novembro, o governo taiwanês projeta um aumento geral de até 5,7% nas exportações. Analistas são menos otimistas, prevendo que as economias desenvolvidas continuarão apresentando baixo crescimento –e importação.

Segundo a consultoria S&P Global, nos próximos trimestres o crescimento chinês “deve melhorar, mas é improvável que seja o bastante para compensar o crescimento mais fraco do Ocidente”, mantendo “modesta” a reação das vendas taiwanesas.

Analistas creditam o quadro atual de redução nas importações ocidentais aos juros altos nos EUA. No caso da China, a reação é limitada em parte porque Washington segue ampliando as restrições à aquisição de chips taiwaneses pelo continente.

No ano passado, as empresas chinesas já compraram 15% menos chips do que em 2021, a primeira queda em pelo menos 18 anos. E em outubro último os EUA cortaram ainda mais seu acesso a chips de inteligência artificial.

As encomendas maiores pela China no último mês seriam resultado da gradual recuperação econômica, pós-pandemia, e de medidas pontuais de Pequim, como a retomada da importação de produtos agrícolas, como a pinha.

No vaivém de restrições comerciais e de outras trocas entre o continente e a ilha, a China havia suspendido uma série de frutas e peixes, no rastro da visita a Taiwan de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos EUA, em agosto do ano passado.

O próximo confronto comercial está marcado para a véspera da eleição presidencial taiwanesa. Pequim iniciou em abril uma investigação sobre ações supostamente tomadas por Taipé para limitar a importação de mais de dois mil produtos têxteis, minerais e outros da China.

Em outubro, quando era previsto o fim do inquérito, anunciou-se que ele vai até 12 de janeiro, um dia antes da votação. Um dos eventuais resultados é suspender um acordo de 2010, com tarifas preferenciais para Taiwan no mercado chinês, em relação a outros exportadores.

Pequim creditou o adiamento à suposta complexidade do caso. O governo taiwanês questionou o anúncio, dizendo que ele “prova que a chamada investigação comercial é politicamente motivada e uma tentativa de interferir nas eleições”.

O Acordo Quadro de Cooperação Econômica foi fechado pelos líderes chinês e taiwanês à época, Hu Jintao e Ma Ying-jeou. A atual presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, foi eleita em parte pelo movimento contrário ao acordo, mas evitou suspendê-lo em seus dois mandatos.

NELSON DE SÁ / Folhapress

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