SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O consumidor que foi aos supermercados nesta sexta-feira (24) aproveitou as ofertas da Black Friday para comprar cerveja e carne, e garantir o churrasco do final de semana ou os festejos de final de ano.
A data não animou como em anos anteriores, e os clientes repetiram 2022, sem fazer compras de forma exagerada. A reportagem da Folha esteve em quatro supermercados na capital paulista e na Grande SP, e conversou com consumidores, vendedores e gerentes.
Os preços ainda seguem pouco convidativos para o bolso de quem viveu, até 2022, sob o impacto de alta inflação. Mesmo com a queda no índice, o poder de compra ainda não foi totalmente retomado.
O jeito era aproveitar ofertas em itens básicos. De acordo com uma pesquisa preliminar da rede Pão de Açúcar, produtos de limpeza, por exemplo, tiveram um crescimento de 80% nas vendas em relação ao ano passado.
Muitos dos que estavam nos supermercados, porém, não sabiam da Black Friday. “Já que estou aqui para um churrasco na semana que vem, resolvi aproveitar”, disse Carlos Oliveira, 35, que só foi perceber que era uma data especial quando viu bexigas na porta de entrada do Assaí Atacadista Jaguaré, zona oeste da capital paulista.
Oliveira encheu o carrinho com fardos de cerveja Amstel, a R$ 2,69 a latinha, e um pacote de fraldas Huggies de 78 unidades. A R$ 55,90, fez propaganda para os amigos no grupo do WhatsApp: “Preço bom de fralda a gente tem que avisar!”
Para Guilherme Severo, 36, a Black Friday ajudou a baratear os custos do chá de bebê da filha. No carrinho, as fraldas deram lugar a pacotes de carvão, fardos de cerveja, refrigerantes e queijo coalho.
As carnes para o churrasco foram compradas em outra loja, mesmo com preços convidativos no Assaí. O contrafilé da Friboi a R$ 29,90 o quilo foi sucesso, deixando de lado a cobiçada picanha, a R$ 65,90 o quilo. No Assaí, os preços promocionais acabam no domingo (26).
No Extra, cujas ofertas acabaram já na sexta-feira, o filão da Black Friday também foi carne e bebidas alcoólicas. Lá, a fraldinha bovina saía por R$ 29,90 o quilo, e a picanha, R$ 49,90. “A cerveja custou o de sempre, mas valeu a pena”, disse uma consumidora.
ELETROS LIDERAM DESEJOS DA BLACK FRIDAY
Consumidores se digladiavam por televisores em promoção no Carrefour Osasco (Grande SP) desde às 19h da quinta-feira (23). A visão, para quem vinha da porta de entrada, era de filas de pessoas atrás de uma boa oferta em Smart TVs de um sem número de polegadas. A maioria sequer cabia dentro do carrinho de compras.
Maria Jesus de Souza, 46, observava a cena sem entusiasmo. “Vou levar uma LG de 86 polegadas para uma parente, mas só porque ela pediu. Nada aqui está valendo a pena. É tudo ‘Black Fraude'”, disse à reportagem. No carrinho, algumas poucas unidades de shampoo Seda, papel higiênico e outros itens de consumo básico “para não perder a viagem”.
A televisão mencionada por ela foi de R$ 10.040,00 para R$ 6.999,99. Segundo o gerente da loja, Maciel Vieira, o modelo é o carro-chefe da data, ao lado de outros eletrônicos, como air fryers e ventiladores. Também são destaques itens de cesta básica e colchões.
As reclamações de “Black Fraude” eram recorrentes. Muitos consumidores se diziam surpresos com os preços altos e esperavam ofertas que compensassem a ida à loja física.
Mariane Monteiro, 26, reclamou em voz alta que iria comprar um tablet da Samsung pela internet. “Aqui está muito caro e tem poucos gigas. No Mercado Livre acho o de 128 GB pelo mesmo preço que o de 64 GB daqui”, afirmou.
É uma tendência que já confirmou: boa parte dos consumidores, hoje, reserva a data para compras online. A expectativa, segundo a Neotrust, é de crescimento de 12% no faturamento no e-commerce este ano.
Procurado sobre as críticas dos clientes, o Carrefour diz seguir os protocolos legais determinados pelo Procon, “respeitando os direitos dos consumidores e seguindo as regras relacionadas aos preços”.
As ofertas na rede vão até durarem os estoques.
TAMARA NASSIF / Folhapress