SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Passageiros encontraram os acessos fechados em parte das estações de trens e metrô na madrugada desta terça-feira (28), após o início da terceira greve a atingir os transportes deste ano. A paralisação reúne diferentes pautas e conta com trabalhadores do Metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado), professores da rede pública e de servidores da Fundação Casa.
Por volta das 4h20, quem tentava embarcar na estação Corinthians-Itaquera (que faz a integração da linha 3-vermelha e da 11-coral), na zona leste da capital, não conseguia subir as escadas que levam às catracas. Às 4h30, somente o acesso para os trens abriu. A circulação na linha 11-coral está limitada ao trecho entre Guaianases e Luz.
A greve não afeta as linhas privatizadas do metrô (4-amarela e 5-lilás) e de trens metropolitanos (8-diamente e 9-esmeralda). No início da manhã, as linhas 1-azul, 2.verde e 3-vermelha operavam parcialmente. A linha 15-prata estava parada.
Em meio à greve, os trens da CPTM são operados por maquinistas ou supervisores que não aderiram à paralisação. Já no metrô, a condução está a cargo dos supervisores de tráfego, segundo a companhia.
Na segunda-feira (27), a Justiça do Trabalho determinou que funcionários do Metrô trabalhem com 80% da capacidade total nos horários de pico desta terça, dia da greve unificada de várias categorias de funcionários públicos estaduais contra planos de privatização do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Entre as pautas da nova paralisação unificada está novamente a privatização da Sabesp e de outros setores, como no transporte sobre trilhos.
Para Tiago Silva, 31, o debate vai além de privatizar ou não os serviços de transporte. Ele mora em Guaianases e trabalha na região da Barra Funda. “Não é só transporte. Você tem a zona leste que atravessa a cidade para trabalhar porque não tem uma estrutura de emprego”, afirmou. “Se não tem uma opção de trampo a 30 minutos de casa, a pessoa enfrenta 2h de locomoção.”
Silva entende que a greve é um direito constitucional, mas acha que faltam outras reivindicações. “Temos obras atrasadas de metrô, estamos em 2023 e elas estavam previstas para 2020. Não vejo a mesma mobilização para cobrar”. Ele aguardava um colega de trabalho para dividir um carro de aplicativo custeado pela empresa.
Outras pautas relacionadas à decisões da gestão Tarcísio também compõem os argumentos utilizados pelos trabalhadores para justificar a greve unificada, tais como um corte de 5% no orçamento da educação, o leilão da linha 7-rubi da CPTM, marcado para 29 de fevereiro de 2024, segundo comunicado do Sindicato dos Metroviários e terceirizações.
No Metrô, o horário de pico considerado pelo desembargador é das 6h às 9h e das 16h às 19h. Para os demais horários, o efetivo mínimo deve ser de 60%, diz a decisão.
LUCAS LACERDA / Folhapress