SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após a prorrogação por dois dias do cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas nesta segunda-feira (27), quando o prazo inicial de quatro dias do primeiro acordo acabou, Tel Aviv recebeu uma lista de reféns que o grupo terrorista poderia libertar nesta terça (28).
De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, a lista está sob revisão e as famílias dos possíveis libertados serão avisadas. Não foi divulgado o número de pessoas que seriam devolvidas, mas o acordo inicial previa a soltura de dez reféns para cada dia de cessar-fogo adicional.
Em vigor desde a madrugada de sexta-feira (24), o acordo negociado pelo Qatar, com apoio do Egito e dos Estados Unidos, permitiu até o momento a libertação de 50 reféns que estavam sob poder do Hamas na Faixa de Gaza e de 150 palestinos que estão em prisões israelenses.
A notícia dá esperanças às famílias das cerca de 175 pessoas sequestradas que estão sendo mantidas na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro, quando o grupo palestino lançou um ataque contra Israel. Dentre elas está, por exemplo, Kfir Bibas, que tinha 9 meses de idade quando foi capturado -um dos reféns mais novos.
Paralelamente à negociação principal, o Hamas também libertou 17 tailandeses, um filipino e um cidadão russo-israelense.
Newsletter Lá fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo *** Entre os que saíram das prisões de Israel está Mohamed Abu al Humus, que abraçou a mãe ao retornar para casa, em Jerusalém Oriental. “Não posso descrever o que sinto. É uma alegria indescritível”, declarou aos jornalistas da agência de notícias AFP.
Em Beitunia, na Cisjordânia ocupada, a recepção aos presos terminou em confrontos com as forças de segurança de Israel, e um jovem palestino morreu ao ser atingido por tiros, informou o Ministério da Saúde palestino.
Antes da extensão da trégua, o gabinete de Netanyahu já havia aprovado a inclusão de 50 prisioneiros na lista de palestinos que podem ser libertadas, entre elas Ahed Tamimi, uma jovem que virou símbolo da causa palestina após dar um tapa na cara de um soldado israelense. Ela diz ter reagido a uma agressão anterior contra seu primo, que teria sido atingido por uma bala de borracha na cabeça.
O Hamas disse que já propôs um novo acordo a Israel. “Esperamos que a Ocupação [Israel] cumpra [o acordo] nos próximos dois dias, porque estamos buscando um novo acordo, além de mulheres e crianças, em que outras categorias que temos possam ser trocadas”, disse Khalil al-Hayya, membro do Hamas, à emissora do Qatar Al Jazeera.
Os mediadores também trabalham para prolongar a trégua além das 48 horas adicionais. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará no fim de semana para Israel e Cisjordânia ocupada para reuniões com Netanyahu e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
Apesar da pressão da sociedade civil para conseguir o retorno de mais reféns, o governo de Israel reiteraram nos últimos dias que pretendem retomar os combates para “eliminar” o Hamas. Nesta segunda, Netanyahu solicitou ao Parlamento um orçamento de guerra de 30,3 bilhões de shekels (R$ 39 bilhões).
Israel iniciou a ofensiva contra a Faixa de Gaza após o ataque do Hamas no começo de outubro, quando 1.200 pessoas foram assassinadas por terroristas, segundo as autoridades israelenses. Entre os mortos estão mais de 300 militares ou integrantes das forças de segurança.
Em Gaza, alvo de bombardeios incessantes e de uma ofensiva terrestre desde 27 de outubro, a operação israelense deixou 14.854 mortos, incluindo 6.150 menores de idade, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
A extensão da trégua deve permitir ainda a entrada de mais caminhões com ajuda para a Faixa de Gaza, cercada e devastada por sete semanas de ofensiva israelense. “A situação humanitária em Gaza continua sendo catastrófica e o território precisa da entrada urgente de ajuda adicional de forma fluida, previsível e contínua para aliviar o sofrimento insuportável dos palestinos”, afirmou o emissário da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland.
Mais de metade das residências do território foi danificada ou destruída pela guerra, que provocou o deslocamento de 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes, segundo a ONU. A trégua ofereceu alívio aos moradores de Gaza, mas a situação humanitária continua “perigosa” e as necessidades “sem precedentes”, afirmou a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).
“Sofremos porque não temos comida, água, não nos trazem nenhuma ajuda”, lamentou Fouad Hara, um palestino pai de cinco filhos, deslocado pelos combates na Cidade de Gaza para o sul do território.
Redação / Folhapress