SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A poucas horas do fim da trégua entre Israel e Hamas, que acaba nesta quarta-feira (29), mediadores negociam uma nova extensão do cessar-fogo na Faixa de Gaza. Seria a segunda ampliação do acordo que começou na última sexta-feira (24) e foi prolongado por mais dois dias na terça (28).
Além de interromper os bombardeios, os esforços de negociação libertaram 60 mulheres e crianças israelenses que estavam entre os 240 reféns do grupo terrorista desde os ataques de 7 de outubro e 180 presos palestinos, todos mulheres e adolescentes. Em acordos paralelos, outras 21 pessoas, principalmente trabalhadores agrícolas tailandeses, também foram libertados pelo Hamas.
As trocas entre prisioneiros e reféns estão programadas para continuar nesta quarta. Segundo a emissora pública de Israel, Kan, as famílias dos reféns israelenses a serem devolvidos já foram informadas da possível soltura mais tarde, no que seria a última libertação sob a trégua caso ela não se estenda.
A penúltima, na terça, incluiu pela primeira vez reféns mantidos pelo Jihad Islâmico. O grupo é aliado do Hamas, o único que estava libertando sequestrados como parte dos acordos de trégua até então.
No mesmo dia, o general Herzi Halevi, chefe do Estado-Maior Militar de Israel, sugeriu ser contrário a uma extensão da pausa. “O Exército israelense está preparado para retomar os combates. Aproveitamos os dias de pausa (…) para reforçar nossa preparação”, afirmou o militar. Nos bastidores, no entanto, os mediadores tentam prorrogar a trégua.
À agência de notícias AFP, uma pessoa próxima ao Hamas disse que o grupo palestino está disposto a prolongar por mais quatro dias o cessar-fogo e a libertar mais reféns em troca de prisioneiros. Israel, por sua vez, já disse estar disposto a ampliá-la enquanto o Hamas devolver dez reféns por dia, como está previsto no acordo.
Com menos mulheres e crianças em cativeiro, porém, isso poderia significar a libertação de pelo menos alguns homens israelenses pela primeira vez. Uma pessoa informada sobre as negociações disse à Reuters que as partes consideraram começar uma nova fase da trégua, que incluiria a soltura de homens e militares pelo grupo terrorista.
Não há notícias imediatas sobre a possibilidade de libertar o refém mais jovem –um bebê de 10 meses chamado Kfir Bibas, sequestrado junto com seu irmão de quatro anos e seus pais. Familiares se manifestaram depois de terem sido excluídos do grupo libertado na terça.
Apesar da disposição de ambos os lados em prolongar a trégua, mediada por Egito e Qatar, um palestino com proximidade do tema disse à Reuters que um acordo ainda não foi alcançado.
Oficialmente, o escritório do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, recusou-se a comentar o estado de qualquer negociação, mas observou que, na terça, mais 50 detidas palestinas foram adicionadas à lista de pessoas a serem libertadas caso uma nova troca fosse acordada.
Enquanto isso, cresce a pressão internacional para estender o cessar-fogo.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, anunciou nesta quarta, em Bruxelas, que durante a sua viagem a Israel, nos próximos dias, atuará no tema. “Queremos que esta pausa seja prolongada, porque nos permitiu libertar reféns e trabalhar na assistência humanitária para aqueles que precisam dela desesperadamente”, disse ele durante uma entrevista coletiva na sede da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar ocidental fundada em 1949).
Também nesta quarta, o papa Francisco usou parte da sua audiência semanal para pedir a continuação da trégua, a libertação de todos os reféns e o acesso de Gaza à ajuda humanitária. “Apelamos à paz”, disse ele, expressando preocupação pela falta de água e pão no território palestino e pelo sofrimento de civis.
A trégua trouxe o primeiro alívio para uma guerra lançada por Israel para aniquilar o Hamas após o grupo terrorista invadir o sul de Israel no dia 7 de outubro e matar 1.200 pessoas, segundo Tel Aviv. A resposta israelense foi uma de suas campanhas aéreas mais intensas dos últimos anos, o que reduziu grande parte de Gaza a um terreno baldio. Mais de 15 mil pessoas foram mortas no território, de acordo com as autoridades de saúde palestinas.
Muitos outros podem estar sob os escombros. O Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas, disse que mais 160 corpos foram retirados dos destroços nas últimas 24 horas da trégua, e cerca de 6.500 pessoas ainda estavam desaparecidas.
A trégua tem sido frutífera ao longo dos seis dias, apesar de relatos de ambos os lados de violações em pequena escala. Os palestinos acusaram as forças israelenses de disparar contra casas perto da praia, em Khan Yunis, no sul de Gaza, e de atirar em Beit Hanoun, no norte.
Redação / Folhapress