RIO DE JANEIRO, RJ (O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), assumiu a articulação da pré-campanha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para disputar a prefeitura da capital fluminense.
O movimento ocorre após uma série de ruídos na relação entre o clã Bolsonaro e Castro, que se aproximou neste ano do governo Lula e tinha planos próprios para a disputa municipal. A reaproximação mira as eleições de 2026 e o futuro político do governador após o fim do mandato.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sentados, tomam café da manhã com aliados numa padaria na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro @cludiocastrorj no instagram **** Castro convocou aliados para um almoço nesta segunda-feira (27) para cobrar fidelidade do grupo na capital em torno da candidatura de Ramagem. O movimento atinge a União Brasil e o Republicanos, que estão no governo estadual e também ganharam cargos na gestão do prefeito Eduardo Paes (PSD), pré-candidato à reeleição, de olho numa aliança em 2024.
O governador também escalou a equipe que fez sua campanha à reeleição no ano passado para trabalhar em favor de Ramagem. Entre os nomes está o marqueteiro Paulo Vasconcelos, que foi convidado para assumir a pré-campanha do deputado.
A estratégia é ter um candidato único no campo bolsonarista, assim como ocorreu com Castro em 2022. O objetivo é consolidar os votos da direita e atrair eleitores de Paes em 2020 nas zonas norte e oeste com a estrutura do governador.
Dessa forma, Castro encerra os planos do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (PL), de viabilizar a pré-candidatura do deputado Rodrigo Amorim (PTB) na União Brasil, partido para o qual iriam. O MDB também deve retirar a pré-candidatura de Otoni de Paula.
O grupo de Castro trabalha com o nome do deputado Marcelo Queiroz (PP) como vice de Ramagem. O MDB reivindica o posto como reciprocidade caso o PL confirme o apoio ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Outros aliados defendem a escolha de uma mulher.
Castro abraçou a campanha de Ramagem após tentar adotar um distanciamento gradual do bolsonarismo, mas sem abertura no campo lulista. A reaproximação mira as eleições de 2026, quando Castro pretende disputar uma cadeira do Senado. A disputa será para duas vagas, e o PL já tem Flávio Bolsonaro como um dos candidatos definidos.
O governador vinha também enfrentando rusgas com o clã Bolsonaro em razão da proximidade institucional com o governo Lula.
Castro fez encontros sucessivos com o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), para discutir o apoio do governo federal na segurança pública e com o próprio presidente, em busca de renegociar o regime de recuperação fiscal do estado.
Havia também lentidão na entrega de cargos para indicados do senador Flávio Bolsonaro (PL).
Castro tentou construir uma via própria na capital fluminense ao tentar alçar como pré-candidato o nome do deputado dr. Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde. A aposta perdeu força após o aliado ir para Brasília para assumir a liderança de seu partido na Câmara dos Deputados.
O governador chegou a tentar viabilizar outro nome próprio, sem sucesso. Também abriu portas para uma negociação com Paes, mas não avançou.
Os movimentos locais foram feitos num momento em que o PL ainda não tinha definido seu nome na disputa. Antes de Ramagem, o preferido dos bolsonaristas era o ex-ministro Walter Braga Netto (PL), condenado à inelegibilidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Antes do general, Flávio ensaiou uma pré-candidatura, vetada pelo pai.
O cenário mudou após Bolsonaro se decidir por Ramagem. O deputado foi chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na gestão do ex-presidente e tem a rara aprovação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), de quem é amigo.
Na sexta-feira (24), Castro participou de um jantar com Bolsonaro e aliados, com a presença de Ramagem. Sentou-se ao lado do ex-presidente, garantiu apoio ao deputado e disse que convocaria os aliados para cobrar união em torno do delegado federal.
A concentração do grupo político de Castro aos planos bolsonaristas atinge a base política de Eduardo Paes.
Além de ameaçar alianças construídas com partidos como o União e o Republicanos, o prefeito pode se ver obrigado a ceder a vice para o PT, sob pena de arriscar perder também o apoio da sigla.
Atualmente, Paes aposta nas lideranças nacionais para ampliar seu arco de aliança. Ele espera ter o apoio do presidente Lula para garantir o PT em sua coligação, mesmo que sem a vice. Aposta também na negociação com Antônio Rueda, vice-presidente nacional do União, para garantir ao menos o tempo de TV da sigla, mesmo que sem o apoio das lideranças locais.
O PT é cortejado pelo deputado Tarcísio Motta (PSOL). Ele conta com o apoio do deputado Lindbergh Farias para tentar levar a sigla para a aliança.
ITALO NOGUEIRA / Folhapress