TAIPÉ, TAIWAN (FOLHAPRESS) – O porta-voz do ministério chinês do exterior, Wang Wenbin, informou no final da tarde de quinta (30) em Pequim que o líder Xi Jinping enviou mensagem ao presidente americano, Joe Biden, lamentando a morte de Henry Kissinger.
“Um grande velho amigo do povo chinês”, com “devoção sincera”, disse Wang, Kissinger deixou “visão estratégica, coragem política e sabedoria diplomática” que devem ser levadas adiante por Pequim e Washington, visando “desenvolvimento saudável, estável e sustentável das relações sino-americanas”.
Até então, ao longo do dia, a única manifestação oficial de Pequim havia sido uma mensagem em mídia social do embaixador em Washington, Xie Feng, registrando sua “tristeza” e dizendo que “ele permanecerá sempre vivo nos corações do povo chinês como um velho amigo muito valioso”.
Adotado há anos para descrever Kissinger, “velho amigo do povo chinês”, como escreve o portal Guancha, “é um título afetuoso dado a um número muito pequeno de pessoas que fizeram contribuições notáveis para o desenvolvimento das relações sino-americanas”.
A expressão foi reproduzida desde logo por veículos chineses como Pengpai Xinwen (The Paper), com destaque e análises ao vivo, e por inúmeras postagens na rede social Sina Weibo, com o tópico se mantendo entre os mais populares da plataforma.
Em seu texto sobre a morte de Kissinger, o Global Times destacou que foi assim que Xi se dirigiu a ele, durante a conversa que tiveram em Pequim, em julho passado: “Nunca esquecemos os nossos velhos amigos, nem as suas contribuições históricas para promover o crescimento da relação China-EUA”.
A Caixin, publicação financeira de Pequim, levou para o alto que “Kissinger, falecido aos 100 anos, deu atenção às relações sino-americanas e ao destino global até os últimos dias”, com vídeo de entrevista que havia feito com o secretário.
Descreveu-o como “um dos políticos mais influentes e controversos do século 20”, fazendo rara crítica à sua postura “beligerante”.
Na manchete do South China Morning Post, “Kissinger é lembrado por seu ‘compromisso inabalável’ com os laços China-EUA”. O jornal sublinhou que ele ficou “angustiado e alarmado” com a mudança recente nas relações.
NELSON DE SÁ / Folhapress