SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira subiu e garantiu seu melhor mês em três anos nesta quinta-feira (30). O Ibovespa encerrou o dia em alta 0,88%, aos 127.331 pontos, segundo dados preliminares, acumulando avanço mensal de 12,53%.
Se confirmado, esse terá sido o melhor desempenho mensal do índice desde novembro de 2020, quando alcançou uma alta de 15,9%.
Como pano de fundo, dados fracos de inflação nos Estados Unidos reforçaram apostas de que a alta de juros no país já chegou ao fim e animaram investidores sobre uma possível antecipação do ciclo de cortes nas taxas americanas.
O Departamento de Comércio dos EUA divulgou nesta quinta que o índice de preços PCE, acompanhado de perto pelo Fed para decisões sobre juros, acumulou alta de 3,0% nos 12 meses até outubro, em sua taxa anual mais fraca desde março de 2021, após avanço de 3,4% em setembro.
Apesar das apostas de queda de juros, o dólar registrou alta no Brasil e no exterior nesta terça após a divulgação dos novos dados de inflação, refletindo, ainda, a maior demanda pela moeda norte-americana comum no final do ano.
Além disso, a sessão foi de volatilidade nas negociações locais devido à disputa pelo fechamento da Ptax de fim de mês, uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.
Com isso, o dólar subiu 0,58%, terminando o dia cotado a R$ 4,915. No mês, no entanto, a moeda americana acumula queda de 2,48%.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes avançava cerca de 0,79%, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro americano se recuperavam de mínimas recentes, em movimento muito influenciado por realizações de lucros ao fim de um mês de novembro marcado pelo apetite por risco.
Num geral, a perspectiva de juros mais baixos nos Estados Unidos costuma levar a um redirecionamento de recursos para países mais rentáveis, ainda que mais arriscados, como o Brasil.
Por trás da alta do dólar nesta sessão, investidores também citavam movimentos típicos do final do ano, período em que empresas e fundos costumam ter maior demanda pela moeda norte-americana conforme se preparam para enviar remessas de recursos para o exterior.
No cenário doméstico, falas do diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, também animaram os negócios. Ele afirmou que, diante de um cenário mais benigno, vem sentindo maior pressão do mercado para aceleração dos cortes de juros no Brasil.
Galípolo destacou, no entanto, a postura de cautela da autoridade monetário em situações de incerteza.
Após as falas do diretor, as curvas de juros futuros locais mais curtas caíram, apoiando os negócios. Às 18h, os contratos com vencimento em janeiro de 2025 foram de 10,42% para 10,32%, enquanto os para 2027 foram de 10,10% para 10,09%.
“O Ibovespa ganhou força justamente com um novo impulso sobre o principal driver [motivador] do mês, a partir da queda dos juros futuros, que naturalmente beneficia os ativos de renda variável”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
A forte alta do Ibovespa no mês de novembro foi impulsionada justamente pelas perspectivas de quedas de juros nos Estados Unidos, que deu alívio a ativos de renda variável globalmente.
“O mês foi marcado por uma expressiva entrada de capital estrangeiro na bolsa e um notável aumento no apetite por risco. Ações cíclicas domésticas figuraram entre as maiores altas, em um cenário favorecido pela diminuição das taxas de juros, tanto no Brasil quanto no exterior”, Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos.
Ela aponta, ainda, que a alta do minério de ferro no mês -que beneficiou ações da Vale, a maior empresa do Ibovespa- e resultados positivos de empresas locais deram impulso adicional à Bolsa brasileira.
Redação / Folhapress