SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O grupo de Empoderamento de Liderança Feminina (ELF) da Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo) realizou, nesta quinta-feira (30), um ato para chamar a atenção para a violência sexual contra mulheres cometida por terroristas do Hamas em sua incursão a Israel de 7 de outubro.
Mariza de Aizenstein, membro do ELF e uma das organizadoras do ato, diz que o objetivo é pressionar entidades de defesa dos direitos das mulheres a se posicionarem mais claramente em relação ao tema, segundo ela obliterado por outros aspectos da guerra em curso na Faixa de Gaza.
“Feministas, cadê vocês nesse momento?”, questiona. “O nosso corpo não pode ser um instrumento de agressão de guerra.”
Há registros de estupros e de episódios de violência sexual cometidos pelos integrantes da facção terrorista durante o atentado, documentados por câmeras de segurança, fotografias e vídeos feitos por civis, socorristas, e o próprio Hamas, por meio de câmeras corporais.
Sobreviventes e testemunhas descrevem ter visto mulheres sendo estupradas antes de morrer no dia dos ataques, muitas delas na festa de música eletrônica onde ocorreu a maioria do total de 1.200 mortes contabilizadas pelas autoridades israelenses.
O ato desta quinta partiu da rua Oscar Freire, zona oeste da capital paulista, por volta das 12h30. Nele, uma jovem com a calça suja de tinta vermelha e as mãos atadas na frente do corpo era guiada e agredida de tempos em tempos por um homem vestido de preto, com colete à prova de balas e o rosto mascarado.
A encenação reproduz uma cena real vivida pela israelense Naama Levy, 19, que viralizou depois de ser divulgada pelo Hamas nas redes sociais. A jovem, que servia em uma base do Exército quando foi capturada, segue desaparecida.
Embora a maior parte dos transeuntes passasse pelo ato sem se deter, alguns erguiam os celulares para filmá-lo. Foi o caso de um homem abordado pela Folha que não quis se identificar. Questionado sobre por que tinha decidido registrar o manifesto, disse que o fez para enviar a um grupos de notícias no WhatsApp depois de ver a bandeira de Israel, mas não quis compartilhar sua opinião sobre o assunto.
Outros passantes comentavam o manifesto ao passar por ele. As amigas Ana, 56, Cássia, 64, e Kátia, 63, que não revelaram seus sobrenomes, disseram concordar que o assunto do protesto não estava sendo suficientemente discutido “Ninguém está mostrando que elas estão sendo sequestradas, estupradas, mortas, e são meninas”, disse Ana.
CLARA BALBI / Folhapress