SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O fotógrafo Elliott Erwitt, considerando um dos grandes mestres da fotografia, morreu nesta quinta-feira (30) aos 95 anos. A informação foi confirmada pela família na conta oficial do artista e por seu genro, o também fotógrafo Rick Smolan, à revista Blind. A causa da morte não foi divulgada.
Com uma carreira de mais de sete décadas, Erwitt ficou conhecido pelos trabalhos na publicidade, mas sobretudo pelas fotos do cotidiano que tirava. Um mestre da fotografia em preto e branco, ele consagrou um estilo bem humorado do registro da vida, que fazia da comédia uma forma de chamar a atenção para temas sociais graves.
Erwitt também era conhecido por seus retratos inteligentes e bem humorados de cães, seja como seres autônomos, seja como companheiros do homem. Ele publicou mais de 20 livros, e suas fotos em preto e branco estão em importantes coleções ao redor do mundo.
A popularidade de suas fotos caninas deixou em segundo plano seus outros trabalhos –ele também fotografou moda e política, além de celebridades como Humphrey Bogart, Jack Kerouac, Marilyn Monroe e Che Guevara para as revistas Life e Look. Também clicou propagandas de turismo para a França e a Irlanda.
Muitas dessas imagens ficaram famosas. Uma das mais célebres é o registro que ele fez de Jacqueline Kennedy durante o enterro de John F. Kennedy, em 1963. Na ocasião, a viúva do ex-presidente dos Estados Unidos aparecia na foto de Erwitt segurando a bandeira do país dobrada.
O fotógrafo também era membro da Magnum Photos desde 1953. A associação é considerada a mais importante cooperativa internacional de fotógrafos do mundo e do fotojornalismo, fundada por alguns dos principais nomes do meio –incluindo Robert Capa, que convidou pessoalmente Erwitt.
Dos anos 1960 até sua morte, ele foi amplamente exibido, tendo sido alvo de mostras indivuduais no Museu de Arte Moderna de Nova York e no Barbican, em Londres. Em 2002, ganhou uma grande retrospectiva no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri.
Elio Romano Ervitz nasceu em 1928, em Paris, filho de um judeu ortodoxo russo e de sua mulher de mesma nacionalidade. O casal havia fugido para a França depois da Revolução Socialista de 1917. Seu pai, Boris, um socialista convicto, culpava a mulher, Eugenia Erwitt, pelo êxodo.
A família se mudou para os Estados Unidos pouco antes da Segunda Guerra começar, depois de um período em Milão sob o regime de Mussolini. Erwitt dizia que a timidez o tornou fotógrafo, dado que ele aportou em Nova York sem falar inglês. Ele começou a fotografar aos 16 anos, quando morou em Los Angeles.
“Meu dentista foi meu primeiro cliente, depois as casas e os filhos das pessoas, depois o baile de formatura do ensino médio”, escreveu ele.
Elliott Erwitt foi tema de diversas mostras no Brasil ao longo dos anos. Em 2005, a Leica Gallery realizou a mostra “Magic Hands”, que fazia um recorde da obra do fotógrafo a partir das mãos que registrava. Em 2017, o Centro Cultural Fiesp fez a exposição “Vida de Cão”, que reunia 50 trabalhos de Erwitt dedicados aos cachorros.
Redação / Folhapress