Entenda a Guiana e o que ela tem a perder em disputa com a Venezuela

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ex-colônia de Holanda e Reino Unido, lar de 800 mil pessoas e, mais recentemente, estrela da economia global, a Guiana foi colocada em uma disputa de território nos últimos anos. No próximo domingo (3), um plebiscito na vizinha Venezuela vai consultar a população sobre uma possível anexação da região de Essequibo, uma área de 160 mil km² sob domínio guinês rica em petróleo.

Até pouco tempo atrás, a então pacata nação era uma das mais pobres do hemisfério Ocidental. O cenário mudou em 2015, quando foram descobertos bilhões de barris em suas águas profundas –parte delas justamente na disputada Essequibo. Desde então, a economia do país deu um salto, que trouxe consigo uma crise política e o acirramento da questão territorial com a Venezuela, que remonta ao século 19.

O crescimento da Guiana acelerou a partir de 2019, quando a norte-americana ExxonMobil começou a extração de petróleo no país. Segundo dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), ninguém em 2022 cresceu tanto quanto o país, que alcançou uma taxa de 62%. A previsão é de que a bonança continue neste ano, com um avanço de 37%. Conheça características do país sul-americano abaixo.



Economia

Após um período de diversas estatizações, nas décadas de 1960 e 1980, que deixaram grande parte da economia nas mãos do estado, a Guiana passou por um processo de privatização de muitas de suas empresas na década de 1990, com o apoio do FMI e do Banco Mundial.

Há alguns anos, o PIB (Produto Interno Bruto) do país estava entre os mais baixos da América do Sul –em 2015, ano da descoberta do petróleo, foi de US$ 4,28 bilhões. Em 2020, já havia pulado para US$ 5,47 bilhões e, dois anos depois, em 2022, alcançou US$ 15,36 bilhões. É um crescimento de quase 360% em sete anos. Atualmente, estima-se que a Guiana tenha uma reserva de mais de 11 bilhões de barris de petróleo, segundo o Banco Mundial.

No ano passado, petróleo foi quase 88% do total das exportações do país. Excluída essa commodity, açúcar, ouro, bauxita, camarão, madeira e arroz representam 90% do que o país exporta –a base da economia da Guiana antes da descoberta do petróleo. A capital, Georgetown, é o centro cultural e financeiro do país, com uma população de mais de 200 mil habitantes.

Cultura

A Guiana é o único país da América do Sul em que o inglês é uma língua oficial –uma herança do período em que a nação foi uma colônia do Reino Unido. A maioria da população, porém, tem como primeiro idioma o crioulo da Guiana, cuja base é o inglês. Outras línguas influenciam o idioma, como holandês, arawak, karib, bhojpuri, akan, kikongo e yoruba –resultado da colonização holandesa e a presença africana, indiana e indígena no país, o que faz da Guiana um dos países mais etnicamente diversificados do continente.

A população é formada principalmente por negros e descendentes de indianos que migraram para a Guiana após a abolição da escravidão. Há ainda indígenas de diversas etnias –algumas delas, como a Wapishana e a Macushi, também estão no Brasil– e descendentes de colonizadores europeus e imigrantes chineses.

A culinária do país tem influências de todas essas culturas que formaram a Guiana. Entre os ingredientes, é possível encontrar o curry, um tempero indiano, e a mandioca, um tubérculo presente na culinária indígena. Uma das comidas típicas é o roti. Originalmente da Índia, o prato é uma espécie de tortilha de farinha de milho acompanhado de carne cozida com especiarias como noz moscada e canela.

Atrações turísticas

A forma mais prática de chegar em Georgetown é por meio de uma conexão na Cidade do Panamá, na América Central. O primeiro voo costuma durar quase sete horas; o segundo, três horas e meia. Ida e volta custam entre R$ 5.000 e R$ 15 mil, a depender da época e da companhia aérea.

Uma das principais atrações é a natureza –com grande biodiversidade, a Guiana oferece praias do Caribe, no norte, e Floresta Amazônica, no sul. As cataratas de Kaieteur, de 226 metros, por exemplo, são um dos pontos turísticos, assim como o rio Essequibo, que dá nome ao território em disputa com a Venezuela.

Na capital, algumas das principais atrações são o Museu Nacional, que conta a história da nação, a catedral anglicana de São Jorge, feita de madeira, e o mercado Stabroek, o maior do país.

Redação / Folhapress

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