CCXP triunfa com fim das greves de Hollywood e prova ser mais que um evento nerd

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com público estimado em 285 mil pessoas em seus quatro dias, mais um extra para convidados e imprensa, a CCXP de 2023 inundou o São Paulo Expo de nerds e fãs de cultura pop, dando uma amostra aos convidados estrangeiros, mais uma vez, da energia do público brasileiro.

O sucesso da feira mostra que o termo nerd enquanto ofensa é coisa do passado –e apaga a crença de que um evento como esse vive só de ficção científica e fantasia.

Gente como Jodie Foster, da série policial “True Detective: Terra Noturna”, e padre Júlio Lancellotti, com o quadrinho “Pobrefobia”, estiveram nesta edição de dez anos, mostrando que o evento virou mais um mercado para a indústria de entretenimento do que um agrado aos fãs de cultura pop.

O fim da greve em Hollywood na iminência da CCXP23 trouxe resultados díspares. Alguns estúdios viram na feira a oportunidade perfeita para divulgar seus próximos lançamentos após uma paralisação que proibiu atores de fazer propaganda por 118 dias.

Por maior que tenha sido o número de artistas estrangeiros no Brasil, a CCXP23 enfatizou as produções nacionais.

Com a ausência dos super-heróis da Marvel, a CCXP deixou claro que o gênero heroico atravessa uma crise e também que nem só dele vivem convenções de cultura pop.

Prova disso é a atenção dada a “Mamonas Assassinas”, que levou a Brasília amarela e todo o elenco para um painel e um show. “O Auto da Compadecida 2”, por sua vez, levou os atores Selton Mello, Matheus Nachtergaele e Taís Araujo.

A Netflix preferiu ser mais comedida nesta CCXP após fazer sua própria festa no primeiro semestre, o Tudum. Trouxe só “Rebel Moon”, saga intergaláctica de Zack Snyder.

Nem por isso deixou de caprichar. Seu estande, apesar de menor, era um dos mais interessantes. Um bar cenográfico com drinques sem álcool foi montado e, dentro de uma lua vermelha enorme, era possível gravar cenas de “Rebel Moon” em um painel de LED.

Com um grande grupo de artistas, produtores e o diretor à disposição, o painel do filme foi feito em duplas. Boa jogada para manter a animação do auditório, ainda que a sensação de picotamento do papo tenha se pronunciado.

Outro chamariz, a Warner Bros. Discovery ergueu seu maior estande na história de qualquer Comic Con e trouxe um grande time de estrelas.

Na quinta-feira a empresa fez painel do filme “Evidências do Amor”, que mistura romance, viagem no tempo e a canção “Evidências”. Sem Sandy, presa no trânsito, sobrou ao diretor empolgar o público.

Mas o coro de “Evidências” puxado por ele ficou baixo perto do estardalhaço que veio depois, quando Anya Taylor-Joy, protagonista do novo filme “Furiosa – Uma Saga Mad Max”, surgiu sorridente ao lado de Chris Hemsworth.

Abençoados no palco por George Miller, os atores exaltaram o diretor. A atriz definiu como “selvagem” a experiência do longa, dando tchauzinho aos fãs que gritavam.

Mais barulho ainda ocorreu no painel de “Duna: Parte 2”, no domingo, com os atores Timothée Chalamet, Zendaya, Austin Butler e Florence Pugh, além do cineasta Dennis Villeneuve. A entrada deles foi ovacionada por quase dois minutos, e suas falas eram sempre interrompidas pelos gritos da plateia. A Warner exibiu trechos inéditos do filme.

Mas a passagem do elenco terminou em um incidente. No fim de um evento no palco lateral ao auditório, Pugh foi atingida no rosto por uma pulseira, arremessada por um fã.

Houve ainda a estreia do Apple TV+, pela primeira vez com um estande e painel na CCXP, dedicado à série “Monarch”. A apresentação no auditório foi mais tradicional, e os participantes tiveram tempo para discutir a série.

Convidados da feira, como o quadrinista japonês Junji Ito e o ator Anthony Daniels, o C-3PO de “Star Wars”, também foram destaques.

No rescaldo do caos da passagem de Taylor Swift pelo Brasil, a CCXP correu sem grandes percalços, apesar de a temperatura ter subido no fim de semana. No mais, causou a tradicional confusão veicular na entrada do São Paulo Expo, que ficou congestionada.

LEONARDO SANCHEZ, GUILHERME LUIS E PEDRO STRAZZA / Folhapress

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