Brasil busca Alemanha e Espanha para destravar acordo Mercosul-UE, diz secretária do Itamaraty

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A secretária da América Latina e Caribe do Itamaraty, Gisela Padovan, afirmou que o Brasil está buscando junto à Alemanha e à Espanha um caminho para destravar as negociações sobre o acordo de livre-comércio Mercosul-União Europeia.

A embaixadora disse haver vontade política para chegar a um consenso que seja benéfico para os países de ambos blocos.

A fala de Padovan foi feita após a abertura da Cúpula Social do Mercosul, nesta segunda-feira (4), no Rio de Janeiro. Ela vem na esteira dos comentários feitos pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que chamou os termos atuais do acordo de “antiquado”.

Durante a COP 28, o chefe do Executivo francês se colocou contrário ao acordo Mercosul-União Europeia. Segundo Padovan, a posição de Macron já era esperada, pois a França sempre se posicionou contrária ao pacto ao longo das duas décadas em que as negociações acontecem.

“Isso [a fala de Macron] não é uma surpresa, mas a gente está contando com países como a Alemanha e como a Espanha, que têm interesse, para buscar um acordo que seja bom para os dois lados. Tem que ser bom para nós também”, afirmou a secretária do Itamaraty.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está na Alemanha para se encontrar com o chanceler do país, Olaf Scholz. No encontro, eles vão conversar sobre o acordo Mercosul e União Europeia.

Segundo Padovan, as negociações ainda não estão perto de serem concluídas.

“Eu entendo que o presidente está falando disso com o primeiro-ministro da Alemanha, muito interessado em fechar o acordo. Mas é um acordo complexo. Então, não está perto do fim [das negociações], mas continua avançando”, afirmou.

Durante a mesa de abertura da Cúpula Social do Mercosul, o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), representante brasileiro no Parlasul (Parlamento do Mercosul), também criticou a imposição europeia por mudanças nos termos do acordo entre os dois blocos.

“A União Europeia não pode nos impor sua participação nas compras governamentais, que limitam a recuperação do nosso setor industrial e do nosso desenvolvimento em Ciência e Tecnologia. Da mesma maneira, não aceitamos pré-condições referentes ao meio ambiente. Somos países soberanos”, afirmou Chinaglia.

CAMILA ZARUR / Folhapress

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