A educação brasileira foi duramente atingida pela pandemia de COVID-19 e enfrentou cortes de orçamento, alta evasão e desigualdade no acesso às tecnologias para a continuidade dos alunos nas aulas remotas. Mesmo assim, o nível de aprendizado se manteve estável, de acordo com o novo relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).
Foram 700 mil estudantes de 81 países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que fizeram as avaliações. No Brasil, as provas foram aplicadas em todo o país para estudantes do 7º do ensino fundamental.
Enquanto a pontuação do nível de aprendizado em português e ciências subiu em um ponto, o aprendizado em matemática caiu cinco pontos desde a última avaliação, realizada em 2018, ou seja, antes da pandemia. Atualmente o país tem nota 379 em matemática, enquanto países como Japão, Singapura e Suíça tiveram desempenho entre 487 e 575.
O relatório aponta que nações com melhores notas são as que mantiveram as escolas fechadas por menos tempo durante o confinamento, proporcionaram ensino à distância e deram apoio contínuo aos professores e pais.
Segundo Daiane Zanon, Gerente de Dados, Avaliação e Monitoramento no Instituto Ayrton Senna, em entrevista ao Jornal Novabrasil, a queda do desempenho dos alunos brasileiros em matemática foi dentro do aceitável. Mas afirmou, que o resultado reforça que o país vem de uma série histórica com mal desempenho:
“O sistema brasileiro foi resiliente durante a pandemia e conseguiu, pelo menos, manter o conhecimento dos estudantes, embora o país tenha sido o que teve escolas fechadas por mais tempo [durante a pandemia].”
Na avaliação em matemática, as nações da OCDE tiveram queda de 15 pontos no desempenho, em média. Porém, enquanto nos demais países membros do bloco cerca de 70% dos alunos estão preparados para enfrentar os desafios da sociedade, e por isso têm notas melhores, no Brasil, a parcela dos estudantes aptos para aplicar os conhecimentos durante o cotidiano é de 27%.
“Nossos estudantes não estão sendo preparados para fazer esse tipo de prova e, consequentemente, viver na sociedade de forma plena. É que já não estávamos ensinando o que eles deveriam aprender”, pontuou ao ressaltar que desde 2009 os resultados seguem bem inferiores à média da OCDE.
A analista também chamou a atenção para o fato de que Brasil precisa ter investimento em professores, desde a jornada na graduação, em licenciatura em pedagogia, até quando está dentro da sala de aula. “Ele precisa da formação continuada e da condição de trabalho. O Brasil é um país onde mais se tem disciplina, alunos inquietos ou se interrompe muito a aula”.