SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Aprendi no PAOK a ser frio, e aqui é tudo muito emocional”, disse Abel Ferreira após o Palmeiras assumir a liderança do Brasileiro. Contudo, o que se vê cada vez mais é que o técnico multicampeão pelo clube alviverde está cada vez mais com o coração quente.
Abel se emocionou ao falar da família durante o Prêmio Bola de Prata, da ESPN. Vencedor na categoria melhor técnico, ele -que tem futuro indefinido no Palmeiras- afirmou que “nos últimos anos fiz as escolhas no eu, no que era melhor para minha carreira. Não o que era melhor para minha família. Chegou a hora de pensar neles”.
Ainda na premiação, o comandante ficou arrepiado ao ouvir que ele “humaniza o futebol”: “Se eu tirasse o meu terno você veria que estou todo arrepiado. Você acertou em cheio em tudo que acredito. Quem só de futebol sabe, nada sabe sobre futebol”, afirmou o bicampeão brasileiro.
A emoção rolou solta também no vestiário do Mineirão, quando se recusou a se despedir dos jogadores. Abel tem proposta do Al-Sadd, do Qatar, e ainda não cravou sua permanência no Palmeiras, com quem tem contrato até 2024.
A versão “humana” de Abel não aparecia desde o seu primeiro título, a Copa Libertadores de 2020. Na ocasião, o treinador chorou ao falar da família, que na época morava em Portugal, contou que chorou sozinho e afirmou que era um “pior pai, filho e marido”.
Desde então, o treinador trocou o choro por declarações fortes e transformou o Palmeiras em um time forte mentalmente e acostumado a momentos de pressão. No Bola de Prata, o meia Raphael Veiga falou sobre a parte mental do time alviverde.
“Para mim é questão mental, não adianta nada o cara tecnicamente ser bom, taticamente ser bom, senão é realmente a impressão, as coisas não funcionam. Sei que a gente não vai ganhar sempre, mas acho que é importante a gente ser resiliente nos momentos de dificuldade”, disse Raphael Veiga, no Bola de Prata.
ABEL FICA NO PALMEIRAS?
Essa pergunta foi a grande protagonista do Bola de Prata, mas nem Abel nem os jogadores bateram o martelo.
O treinador voltou a afirmar que precisa descansar e não sabe o que fará em 2024: “Eu não posso tomar boas decisões no olho do furacão, precisa sair de ilha para perceber tudo”.
Os jogadores também não sabem qual será o futuro de Abel, mas o zagueiro Murilo deixou claro: “Quero que ele [Abel] fique”. Os jogadores, inclusive, manifestaram o desejo na “caixa misteriosa” do treinador.
O comandante tem uma reunião com a presidente Leila Pereira ainda esta semana para entregar o tradicional relatório anual e preparar a próxima temporada.
CAROLINA ALBERTI E EDER TRASKINI / Folhapress