Mina da Braskem desaba em Maceió, diz prefeito

MACEIÓ, AL, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A mina de número 18 da Braskem, em Maceió, sofreu um rompimento neste domingo (10), informou a prefeitura da cidade. Ainda não há detalhes sobre a dimensão dos danos.

A defesa Civil municipal confirmou que o local sofreu um desabamento.

A área do rompimento foi sob a lagoa Mundaú, que tende a ficar altamente salinizada, com prejuízos para a fauna e a flora do local. O prefeito João Henrique Caldas (PL) afirmou que maiores informações sobre o assunto ainda estão sendo colhidas e serão compartilhadas quando possível.

Imagem divulgada pelo prefeito mostra o momento em que o rompimento ocorreu, causando grande movimentação no espelho d’água da lagoa. “A Defesa Civil de Maceió ressalta que a mina e todo o seu entorno estão desocupados e não há qualquer risco para as pessoas”, disse ele, em uma rede social.

Em nota, a Braskem afirmou que câmeras que monitoram o entorno da cavidade 18 registraram às 13h15 movimento atípico de água na lagoa, no trecho sobre esta cavidade. Movimento semelhante ocorreu por volta das 13h45.

“O sistema de monitoramento de solo captou a movimentação por meio de DGPS [aparelhos de alta precisão para detectar movimentações do solo]. As autoridades foram imediatamente comunicadas, e a Braskem segue colaborando com elas”, diz o texto.

Ainda não se sabe o diâmetro da cratera formada pelo colapso da mina. A situação tem ligação com o afundamento do solo que atinge cinco bairros da capital de Alagoas. O monitoramento da mina foi ampliado após cinco abalos sentidos no mês de novembro.

“Estamos monitorando minuto a minuto com os órgãos responsáveis os efeitos do colapso da mina 18, em Maceió. Já cobramos medidas técnicas eficazes, ações sociais e reparações financeiras para que Maceió e o povo atingido não sejam ainda mais prejudicados. Continuaremos em atenção”, disse Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados

Em nota publicada na quinta (7), as coordenações municipal, estadual e nacional de Defesa Civil, apontaram que a área com risco de colapso teria diâmetro de 78 metros, três vezes o raio da mina 18 e similar ao comprimento de uma piscina olímpica e meia.

A área era usada pela Braskem para produzir sal gema, mas as operações foram interrompidas em 2019, após os primeiros sinais de afundamento do solo. Desde então, a empresa vem trabalhando para preencher as cavidades de 35 minas no local.

A velocidade de afundamento da mina 18 se acelerou neste sábado, chegando a 0,54 cm por hora, apresentando um movimento de 13 cm em 24h, segundo boletim emitido pela Defesa Civil. O rebaixamento da cavidade de onde era extraído sal gema já acumula 2,24 m.

O município está em estado de emergência por 180 dias desde o dia 29 de novembro, conforme determinação do prefeito.

RELEMBRE HISTÓRICO DO CASO

Os primeiros relatos sobre os danos no solo em Maceió surgiram em meio de tremores de terra no dia 3 de março de 2018. Na ocasião, o abalo fez ceder trechos de asfalto e causou rachaduras no piso e paredes de imóveis, atingindo cerca de 14,5 mil casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais. Outros bairros, como Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Farol também foram atingidos.

Ao todo, cerca de 20% do território da capital alagoana foi afetado, e cerca de 60 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Muitos animais também foram abandonados.

Em 2019, o Serviço Geológico do Brasil, órgão ligado ao Ministério das Minas e Energia, concluiu que as atividades de mineração da Braskem em uma área de falha geológica causaram o problema.

Na época, a mineradora tinha em área urbana 35 poços de extração de sal-gema, material usado para produzir PVC e soda cáustica. Os poços estavam pressurizados e vedados, porém a instabilidade das crateras causou danos ao solo, que foram visíveis na superfície.

A exploração do minério começou em 1979 e se manteve até maio de 2019, quando foi suspensa pela Braskem um dia após a divulgação do laudo pelo Serviço Geológico.

JOSUÉ SEIXAS E NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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