SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Não foi por falta de vendedores de capinhas de chuva descartáveis que o público do show desta noite de Paul McCartney ficou encharcado nos primeiros 20 minutos da apresentação.
Eles estavam lá, aos montes, anunciando o que parte dos fãs optou por não acreditar –vinha chuva forte em São Paulo nesta noite. Olhando de uma das entradas da pista premium, especialmente lotada, diria que menos de 20% daquela massa de gente usava as capas de chuva de plástico transparente, modelo que mais era oferecido na porta do estádio.
Um número ainda menor tinha optado pelas azuis, mais longas e com botões na frente, mais cara que as transparentes. Mas, enquanto o público estava entrando no estádio, até mais ou menos 20h30, era só uma garoinha daquelas que um dia foram sinônimo de São Paulo.
A chuva coincidiu com a entrada da McCartney no palco, com “Cant Buy Me Love”. E veio impiedosa, ao contrário da tímida garoa que acompanhou o dia. Na pista mais próxima ao palco, a água não pareceu um problema nas primeiras músicas, mas alguns pequenos grupos deram as mãos e saíram empurrando os mais entusiasmados. Foram poucos, mas alguns preferiram as áreas cobertas na lateral para assistir ao espetáculo emocionante. Pior para quem não se ensopou.
Quando as pessoas começaram a ficar completamente molhadas, como se tivessem entrado de roupa no chuveiro, começou um empurra-empurra que assustava, com pessoas irritadas, assustadas, gritando. Fui levada pelo bando de gente que vinha atrás de mim em direção à saída, sem muita opção.
Ainda deu para ouvir “Drive My Car”, dos Beatles, enquanto a multidão me empurrava para o corredor inteiro, onde já havia filas enormes tanto na loja de produtos do Palmeiras quando no estande de merchandising da turnê “Got Back”, todo mundo atrás de uma roupa seca para trocar pela que vestia originalmente.
Desisti. Na hora de sair em direção à rua e pegar um táxi, com a chuva cada vez mais forte, o jeito foi pegar um saco de lixo que um desconhecido ofereceu, fazer um buraco para enxergar e se enfiar dentro dele.
A chuva não foi capaz de espantar os verdadeiros fãs, que sabem aproveitar o espaço mais caro do jeito que tiver, sob chuva, sem camisa, sentado no chão ou pulando, com capas e chuvas rasgadas ou sacos plásticos na cabeça.
Ao fim, sob as luzes e acordes de “The End”, o Allianz seguia lotado depois de três horas de chuva. “We see you next time”, gritou McCartney, sob uma chuva de confetes e fumaça, mandando beijos para a câmera.
Segundo a produção do evento, o show continuou normalmente apesar da chuva, seguindo a setlist. Os portões de saída permaneceram abertos, “com fácil locomoção do público”.
Colaborou Henrique Artuni
TETÉ RIBEIRO / Folhapress