Como será o novo prédio do Masp, que deve abrir as portas ao público em 2024

O novo prédio do Masp, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, deve ser aberto ao público no segundo semestre de 2024. Batizado de Pietro Maria Bardi, o edifício ficará ao lado direito da construção atual museu, que terá uma interligação por um túnel subterrâneo na avenida Paulista.

Diretor presidente do Masp, Heitor Martins diz que o edifício criado por Lina Bo Bardi ficou pequeno. “Hoje, São Paulo é uma cidade de 20 milhões de habitantes, e o Masp tem um acervo de mais de 15 mil obras. É o principal ponto turístico da cidade.”

“O edifício atual, inaugurado em 1968, é uma obra-prima arquitetônica, mas é um prédio que já tem 55 anos, construído numa São Paulo diferente, quando você tinha outros critérios museológicos”, acrescenta Martins.

Com a inauguração do edifício Pietro Maria Bardi, é calculado que a área expositiva aumente em 66%. Serão 14 andares, ocupados por cinco galerias expositivas e duas multiúso. Assim, o Masp passará a ter uma área de 17,6 mil metros quadrados, comparada aos 10,4 mil atuais.

Hoje, pouco mais de 1% do acervo fixo do museu é exposto, devido às limitações físicas do espaço. O Masp também realiza exposições com intercâmbio internacional de obras, como a mostra recente dedicada a Paul Gauguin e a que está em cartaz no momento, “Histórias Indígenas”.

O QUE MUDA NO MASP

A projeção, segundo Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, é que a entrada principal do museu seja feita por meio do novo prédio. Desta forma, o subsolo e o segundo andar do edifício atual devem se tornar exclusivos para exposições de longa duração, com obras que pertencem à coleção do museu.

Já as galerias do novo prédio, com pé-direito mais alto e um sistema de climatização e iluminação mais avançado, serão dedicadas às exposições temporárias.

Outra novidade é que a escola do Masp, hoje sem espaço fixo, terá um andar inteiro. O ateliê de restauro e conservação do museu também ganhará um andar do novo prédio, já que hoje, apesar de bem equipado, opera com espaço limitado.

O edifício Pietro Maria Bardi é o antigo prédio Dumont-Adams, construído na década de 1950 para uso residencial e que vem passando por reformas desde 2019 para se tornar parte do Masp. O projeto arquitetônico, desenvolvido por Júlio Neves e pelo escritório Metro Arquitetos Associados, precisou de mudanças em sua estrutura original para adequação ao uso museológico.

A estrutura de concreto da parte superior do edifício foi demolida, assim como as lajes intermediárias, mirando a construção de pavimentos de dimensões regulares e pé-direito de seis metros. Os pilares estruturais também foram removidos, para criar pisos amplos e livres de interferências.

O novo prédio terá docas para o estacionamento dos caminhões responsáveis por transportar obras, facilitando a montagem de exposições. Em diálogo com o vão projetado por Lina Bo Bardi, o edifício terá o piso térreo transparente, e seus andares superiores serão revestidos por painéis metálicos perfurados -o que, visto de fora, fará parecer que o prédio é um bloco só, sem emendas.

A reforma é integralmente financiada por doações privadas, sem o uso de leis de incentivo à cultura como a Rouanet. “Isso remonta ao museu criado por Assis Chateaubriand, um empreendedor, com a participação ativa da sociedade civil”, diz Martins.

Se hoje o Masp recebe de 500 a 700 mil visitantes por ano, o salto que a direção espera que ele dê para 2 milhões de pessoas vai equiparar o museu paulistano aos de cidades como Paris, Londres e Nova York, afirma Martins.

O VAIVÉM DO ANEXO

– 2005: Masp compra, com R$ 12 milhões da Vivo, o prédio Dumont-Adams. Intenção do presidente do museu era instalar serviços que trouxessem receita, como um mirante em uma torre a 110 m de altura.

– out.2005: O Conpresp veta a torre, dizendo que interferiria no Masp, que é tombado. O museu tentou anular a decisão na Justiça, mas perdeu.

– 2007: Masp desiste da torre e decide instalar uma escola no prédio. Novas dimensões do projeto, com 70 m de altura, foram aceitas pelo Conpresp, mas o projeto não anda.

– 2010: Nova gestão faz acordo com a Vivo, que requeria parte do prédio em troca do que havia pago, dando à operadora galeria no anexo, mas projeto não avança.

– 2014: Atual gestão assume. Após sanar contas do museu e resolver pendências judiciais quanto ao prédio vizinho, decide retomar sua ocupação, mantendo a altura já aceita pelo Conpresp.

ALESSANDRA MONTERASTELLI / Folhapress

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