SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira registrou mais uma queda e o dólar subiu nesta terça-feira (12), com investidores digerindo novos dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, enquanto aguardam a divulgação de decisões sobre juros em ambos os países, marcadas para quarta (13).
Além disso, o petróleo fechou em forte queda, derrubando empresas do setor incluindo a Petrobras, a segunda maior da Bolsa.
Nesse cenário, o Ibovespa recuou 0,40%, terminando o dia aos 126.403 pontos, enquanto o dólar avançou 0,58%, cotado a R$ 4,965.
Na manhã desta terça, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou a 0,28% em novembro, após marcar 0,24% em outubro, pressionado por alimentos e passagens aéreas.
Apesar disso, a taxa é a menor para o mês desde 2018 e ficou praticamente em linha com os 0,29% esperados por analistas consultados pela agência Bloomberg.
“De forma geral, o dado segue corroborando um cenário benigno para a inflação brasileira. Quando observamos a composição do IPCA, a pressão altista veio de itens mais voláteis como alimentos e passagem área, enquanto as medidas mais importantes, como a média dos núcleos [cálculo que desconsidera itens mais voláteis], seguem em trajetória de queda no acumulado dos 12 meses”, afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
O economista afirma, ainda, que o dado é positivo para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deve seguir cortando os juros nas próximas reuniões.
Já nos EUA, os preços ao consumidor registraram alta inesperada em novembro, enquanto o núcleo da inflação acelerou frente ao mês anterior.
O índice CPI subiu 0,1% no mês passado, depois de ficar inalterado em outubro, informou o Departamento do Trabalho nesta terça-feira. Nos 12 meses até novembro, o índice avançou 3,1%, depois de alta de 3,2% em outubro.
Economistas consultados pela Reuters previram que o índice de preços ao consumidor ficaria inalterado no mês e aumentaria 3,1% na base anual. As altas de 0,3% na base mensal e 4,0% na comparação anual do núcleo da inflação ficaram em linha com as expectativas.
Para Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, a persistência do núcleo de inflação deve manter o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) cauteloso.
“A instituição deve reforçar que permanece atenta aos dados e pronta para agir, se necessário. Será importante atentar para a previsão dos membros do comitê de política monetária sobre os juros nos próximos anos. Acreditamos que apesar de sinalizar redução à frente, o presidente do Fed deve desencorajar expectativas de cortes no início do próximo ano” diz Rodrigues.
O banco projeta que o início dos cortes de juros americanos deve ocorrer em meados de 2024, e não mais no fim do ano, citando que o mercado de trabalho e a atividade econômica devem continuar desaquecendo.
PETRÓLEO TOMBA E PRESSIONA IBOVESPA
O petróleo voltou a cair nesta terça e terminou o dia com tombo de mais de 3%, o que derrubou ações de petroleiras da Bolsa brasileira, que figuraram entre as maiores baixas da sessão.
A 3R Petroleum, a PetroRecôncavo e a PetroRio recuaram 2,92%, 2,25% e 1,97%, respectivamente, e a Petrobras, segunda maior empresa do Ibovespa, teve queda de 0,81%.
“As ações das petroleiras seguiram o movimento da commodity no mercado internacional, que cedeu com incertezas de demanda se somando à ampliação da oferta devido aos números que apontam para elevação das exportações da Rússia e estimativa de alta da produção nos EUA”, afirma Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
O Banco do Brasil também ficou entre as maiores quedas do dia, após o Bradesco BBI ter cortado a recomendação de compra de seus papéis. As ações do banco recuaram 3,02% nesta terça.
Além disso, a agência de classificação de risco Fitch anunciou nesta terça que a perspectiva para o setor de bancos é neutra para 2024, ressaltando que as condições permanecerão praticamente inalteradas. Com isso, outros papéis financeiros, como Bradesco e Itaú, também caíram.
Na ponta positiva, as maiores altas ficaram com as “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica, em dia de queda dos juros futuros no país, em meio à expectativa de um novo corte da Selic nesta semana.
Redação / Folhapress