SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O influenciador e empresário Renato Cariani, 47, teve seu nome envolvido em uma operação da Polícia Federal que investiga um suposto esquema de desvio de produtos químicos usados na produção de drogas como cocaína e crack.
Nesta terça-feira (12), policiais cumpriram 18 mandados de busca e apreensão em endereços em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais, em operação conjunta da PF, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público e da Receita Federal.
VEJA O QUE SE SABE:
1 – SOCIEDADE EM EMPRESA INVESTIGADA
Renato Cariani é sócio da empresa Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., localizada em Diadema (SP), que foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão.
2 – DESVIO DE PRODUTOS QUÍMICOS
Segundo a investigação, a Anidrol emitia notas falsas em nome de grandes farmacêuticas, nas quais relatava a venda de fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila, produtos usados na produção e adulteração de cocaína e crack, segundo a PF.
No período investigado, de 2014 a 2020, teriam sido desviadas 12 toneladas de produtos químicos, suficientes para produzir até 19 toneladas de drogas. Nesses seis anos a Anidrol teria lançadas 60 notas fiscais fraudulentas em valores que somam R$ 6 milhões, diz a PF.
3 – COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA
Pessoas se passavam por funcionários dessas grandes farmacêuticas e depositavam valores em espécie para a Anidrol, como se fossem pagamentos pelos produtos. Assim que o dinheiro entrava na conta da Anidrol, valores semelhantes eram transferidos para uma empresa do ramo automobilístico.
A hipótese da PF é que essa operação servia para lavagem de dinheiro.
4- COMO O ESQUEMA FOI DESCOBERTO
A Receita Federal abriu investigação contra uma grande farmacêutica que, segundo a PF, comprovou que não havia comprado os produtos e que não tem a Anidrol na sua lista de fornecedores. A empresa também teria comprovado que não faz pagamentos em espécie.
5 – PARTICIPAÇÃO DOS SÓCIOS
Em entrevista à GloboNews, o delegado Fabrizio Galli, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, afirmou que as investigações e as 60 notas fiscais com suspeita de fraude demonstram que os sócios tinham pleno conhecimento dos desvios de produtos químicos.
“Há diversas informações bem robustecidas nas investigações que determinam a participação de todos eles de maneira bem consciente. Não há essa cegueira deliberada em relação a outros funcionários. Eles tinham conhecimento daquilo que estava acontecendo dentro da empresa”, afirmou Galli.
6 – QUEM É RENATO CARIANI
Cariani é atleta e empresário do ramo fitness. Químico de formação, ele é sócio do grupo Supley, que abriga as marcas Max Titanium (suplementos esportivos), Dr. Peanut (alimentos à base de amendoim) e Probiótica (suplementação e nutrição esportiva).
Trabalha também como influencer fitness e de fisiculturismo. Com mais de 7 milhões de seguidores no Instagram, ele publica conteúdos sobre musculação, dieta e estilo de vida.
A Max, uma das empresas de Cariani, é patrocinadora de Ramon Rocha Queiroz, o Ramon Dino, duas vezes vice-campeão do Mr. Olympia e considerado o maior expoente do fisiculturismo no Brasil.
7 – O QUE ELE DIZ
A reportagem procurou o influenciador por meio de ligações no celular e na empresa e mensagens em rede social, mas ninguém respondeu às tentativas de contato. Na tarde de terça, Cariani se pronunciou por meio de vídeos publicados no Instagram.
“Pela manhã fui surpreendido pelo cumprimento de mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, onde fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo que eu não sei. Os meus advogados agora vão dar entrada pedindo para ver o processo e aí sim eu vou entender o que consta nessa investigação”, afirmou em um dos vídeos.
“Mas o importante é o seguinte, eu sei quem eu sou, a jornada que cumpro, sei muito bem disso. Quem tem empresa está fadado a esse tipo de situação. Estou tranquilo”, disse, em outro vídeo.
Ele disse também que a Anidrol tem mais de 40 anos e opera com todas as licenças necessárias.
8 – PENAS PREVISTAS
Segundo a Polícia Federal, os suspeitos devem responder pelos crimes de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro. Se condenados, as penas podem ultrapassar 35 anos de prisão.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress