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Prefeito de SP foi pego de surpresa com aumento de tarifa de trens e metrô

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foi surpreendido com a notícia sobre o aumento da tarifa de metrô e trens na região metropolitana para R$ 5 em 2024, anunciada pelo governo estadual na manhã desta quinta-feira (14).

Nunes só soube do reajuste após desembarcar de Dallas (EUA), onde fechou a realização de um jogo da NFL na capital paulista em 2024.

Havia uma previsão, por parte da Prefeitura de São Paulo, de que o assunto seria discutido ao longo deste mês. Nunes, que tentará a reeleição no pleito de 2024, pretende trabalhar nos bastidores para tentar demover a ideia do reajuste.

Procurado após a notícia do reajuste, o prefeito não havia atendido a reportagem até a publicação deste texto. A Folha de S.Paulo também questionou o governo se a prefeitura foi comunicada sobre o reajuste, mas ainda não obteve retorno.

O anúncio do aumento na semana em que Nunes lançou seu programa de tarifa zero aos domingos, segundo pessoas próximas ao prefeito, pode soar de forma constrangedora. A medida, além de impopular para qualquer político, mostra como Nunes não conta com total empenho do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a eleição de 2024.

Ao costurar sua campanha de reeleição, Nunes até se aproximou de Jair Bolsonaro (PL) na intenção de que o ex-presidente não apoiasse nenhum candidato da direita. Com isso, o prefeito teria as bênçãos de Tarcísio para se isolar como principal nome da centro-direita.

Pesquisas feitas pela equipe de Nunes mostram que o governo Tarcísio é bem avaliado. O governador é apadrinhado de Bolsonaro.

O Domingão Zero, como o programa foi batizado pela prefeitura, é uma das apostas de Nunes para ganhar popularidade e turbinar sua campanha eleitoral no próximo ano. Tarcísio, porém, já se manifestou de forma contrária à medida.

Questionada sobre eventual reajuste para os ônibus, a Secretaria de Comunicação do município também não respondeu à reportagem.

Há um decreto municipal no qual o Conselho de Transportes local, instituído pela Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito, deve apreciar a proposta de alteração tarifária. A Folha de S.Paulo questionou se a proposta está na pauta do conselho.

Na ata da última reunião disponível em seu portal, realizada em outubro, o órgão não debateu o tema.

No dia 24 de novembro, Nunes manifestou seu desejo de não mudar o preço da passagem. “Esse tema está bem complexo, tínhamos 9 milhões de passageiros por dia em 2019 e agora são 7 milhões. Precisamos incentivar o uso do transporte coletivo, e manter a tarifa é o principal [objetivo]”, disse Nunes à Folha de S.paulo.

Mas todo o ímpeto político do prefeito não tem sido suficiente para frear a gestão Tarcísio, responsável pelas linhas férreas. O governador está preocupado com o endividamento, sobretudo do Metrô —a empresa teve um prejuízo de R$ 1,2 bilhão no ano passado, e outro de R$ 651 milhões no primeiro semestre deste ano.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Tracísio já vinha chamando o prefeito para debater o reajuste. Nunes adiou a decisão até o momento em que apresentou a proposta da gratuidade nos ônibus aos domingos para o governador.

Numa reunião na segunda (11), ambos concordaram em reunir técnicos da SPTrans e do governo para debater propostas de mudança no preço. “Acredito que uma decisão deverá ser tomada no final do mês, como é de prática”, disse o prefeito, na ocasião

O valor da tarifa é mantido em R$ 4,40 desde janeiro de 2020 e, nesse período, a inflação é de 26% (com esse percentual, a tarifa chegaria a R$ 5,50). Nunes, porém, está disposto a bancar esta defasagem, e a prefeitura tem receitas para tanto.

Neste ano, o subsídio às empresas de ônibus deverá chegar à cifra recorde de R$ 6 milhões. Em 2020, primeiro ano do mandato Bruno Covas/Ricardo Nunes, o subsídio pago foi de R$ 3,4 bilhões.

De acordo com cálculos de 2021 da SPTrans, o custo real de uma passagem era de R$ 8,71 para saldar gastos com frota, manutenção, combustível, mão de obra e infraestrutura dos terminais.

A SPTrans sugeriu, então, um reajuste para R$ 5,10. Porém, no ano passado, tanto Nunes quanto os governadores João Doria e Rodrigo Garcia (PSDB) concordaram em não aplicar o reajuste.

Nesse período, o setor de transportes, que vive uma crise de financiamento, teve sua situação agravada em razão da pandemia de Covid-19. A demanda de usuários despencou em meio ao isolamento social e ainda não voltou ao patamar de 2019.

Por outro lado, um reajuste em ano eleitoral pode trazer prejuízos a qualquer gestão. Desde as manifestações de 2013, no governo Dilma Rousseff (PT), a classe política tem pavor de possíveis consequências no acréscimo de quaisquer centavos à tarifa do transporte público.

CARLOS PETROCILO / Folhapress

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