SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O reajuste na passagem de metrô e trens em São Paulo, de R$ 4,40 para R$ 5 a partir de 1º de janeiro de 2024, anunciado pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o segundo maior em termos percentuais desde 2010. O acréscimo é de 13,6% e só fica atrás do aumento de 16,6% estabelecido em 2015.
Em janeiro daquele ano, a tarifa, que desde 2011 custava R$ 3, chegou a R$ 3,50. São Paulo tinha Geraldo Alckmin (então no PSBD, hoje no PSB) como governador e Fernando Haddad (PT) como prefeito.
Para mitigar os efeitos negativos do anúncio, Alckmin e Haddad prometeram gratui dade para alunos inscritos em programas de fomento à educação, como o Fies e o Prouni.
A tarifa atual, de R$ 4,40, vem sendo praticada desde janeiro de 2020 -antes disso, estava em R$ 4,30.
O aumento proposto por Tarcísio está abaixo da inflação acumulada no período. De acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação acumulada desde janeiro de 2020 é de 26% -se o governo fosse aplicar tal reajuste, a passagem seria reajustada hoje para R$ 5,50.
Para o economista Joelson Gonçalves, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), a preocupação é com o impacto sobretudo para a população de baixa renda.
“Qualquer aumento, maior ou menor que a inflação, vai refletir na renda da população. Temos 56% de famílias com algum tipo de insegurança alimentar em São Paulo, é preocupante porque são famílias com prioridade para comprar comida”, afirma o professor.
A decisão também pode motivar a migração de usuários das linhas férreas para os ônibus e, consequentemente, o déficit nas contas do Metrô.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a passagem de ônibus continuará em R$ 4,40 na capital. No ano que vem, Nunes tentará se reeleger, e o transporte público tornou-se uma de suas bandeiras.
“Pelo histórico, todo aumento de tarifa leva a uma perda de passageiros, e agora a pessoa deverá migrar do metrô para o ônibus”, disse Rafael Calabria, coordenador de mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor).
CARLOS PETROCILO / Folhapress