Saiba quem são as cinco personalidades negras que ganharão estátuas em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A população paulista escolheu cinco personalidades públicas negras para serem homenageadas com estátuas. São elas: Elza Soares, Chaguinhas, Lélia Gonzalez, Milton Santos e Mãe Sylvia de Oxalá.

Para chegar a esse resultado, entre os dias 10 e 25 de novembro, a Prefeitura de São Paulo realizou uma consulta pública online na qual constavam 14 nomes da história e da cultura afrobrasileira. Cada pessoa poderia votar em três personalidades.

Constavam também da lista os nomes de Abdias do Nascimento, Grande Otelo, Mussum, Dandara, Ruth de Souza, Tereza de Benguela, Laudelina de Campos Melo, Iracema de Almeida e os irmãos Rebouças.

Conheça um pouco mais sobre cada personalidade que será homenageada:

Elza Soares

Elza Soares (1930-2022), cantora e compositora, morreu em 2022 aos 91 anos, por causas naturais. Em 1999, foi escolhida como a voz do milênio pela rádio BBC de Londres. Na década de 1960 ficou conhecida como a Rainha do Samba, mas se reinventou ao longo dos anos com sua voz e personalidade marcantes.

A cantora enfrentou diversas batalhas durante a vida: fome, perseguição na ditadura, violência doméstica, morte de filhos e esquecimento pela indústria musical durante anos, mas depois foi reconhecida pelo público até o final de sua trajetória.

Milton Santos

Milton Santos (1926-2001), geógrafo e professor universitário, foi um dos grandes pensadores brasileiros do século 20.

No artigo Ser negro no Brasil hoje, republicado pela Folha, o geógrafo demonstrava como uma ética enviesada da sociedade brasileira impede o real enfrentamento do racismo no país.

Autor de livros que se tornaram obras de referência, como “Pobreza Urbana” (1978), “A Urbanização Brasileira” (1993) e “Por uma Outra Globalização” (2000), ele recebeu em 1994 o Vautrin Lud, um dos mais relevantes prêmios internacionais no campo da geografia.

Foi bacharel em direito pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e doutor em geografia pela Universidade de Strasbourg, na França.

Lélia Gonzalez

Mineira, a antropóloga Lélia Gonzalez (1935-1994) viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro. Foi atuante no movimento negro, denunciou o mito da democracia racial e participou da fundação do MNU (Movimento Negro Unificado) durante a ditadura.

Lélia Gonzalez também lutou para combater o preconceito contra a mulher, sendo uma das pensadoras pioneiras da teoria do feminismo negro brasileiro.

Lélia escreveu sobre a temática racial, como nos livros “Festas Populares no Brasil” e “Lugar de Negro”. Ela

lecionou em universidades do Rio como PUC (Pontifícia Universidade Católica) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Chaguinhas

Chaguinhas foi um cabo que, às vésperas da Independência, em 1822, participou de um levante militar reivindicando pagamentos atrasados e igualdade salarial em Santos (SP).

O motim fracassou, e Chaguinhas foi levado ao Campo da Forca, atualmente praça da Liberdade, na região central da capital paulista. Ele escapou da forca duas vezes –as cordas teriam arrebentado–, mas foi morto em uma nova tentativa.

Mãe Sylvia de Oxalá

Em 1986, Mãe Sylvia de Oxalá assumiu a liderança de um dos mais antigos e tradicionais terreiros de São Paulo, o Axé Ilê Obá, o primeiro a ser reconhecido como patrimônio cultural do estado. Uma de suas tarefas era desestigmatizar a religião da orixalidade, o candomblé.

Sylvia de Oxalá teve sob sua tutela diversos projetos para a comunidade, que lhe renderam prêmios e homenagens no Brasil e no exterior.

HAVOLENE VALINHOS / Folhapress

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