SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Festival de Brasília decidiu não exibir o documentário “Raoni: Uma Amizade Improvável” após a liderança indígena romper relações com o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux. O filme fecharia a programação do festival, no sábado (16).
No entanto, a organização do evento preferiu não exibir o material em razão do imbróglio. “Eu só não cancelaria o filme se um dos dois estivesse aqui para apresentá-lo. Caso contrário, a polêmica ganharia destaque, e não o filme”, disse Anna Karina de Carvalho, diretora artística do evento, ao jornal O Globo.
Como o título indica, o longa acompanha a amizade entre o cacique Raoni Metuktire e o diretor de cinema. Eles se aproximaram quando o belga veio ao Brasil nos anos 1970 para dirigir um filme etnográfico na floresta amazônica.
Na ocasião, um grupo de indígenas Kayapó ameaçou matar o cineasta após tê-lo confundido com um dos operários da construção de rodovias. Raoni interveio pela vida de Dutilleux.
A parceria serviu para alavancar a influência de Raoni e o trabalho de Dutilleux, que foi indicado ao Oscar com um documentário sobre o pajé em 1979.
No entanto, neste mês, veio a público a informação de que os dois romperam.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, Raoni e pessoas próximas ao cacique disseram que já desconfiavam há muito tempo de que Dutilleux não estivesse transferindo recursos arrecadados para os Kayapó, e que ele explorava a imagem do colega para impulsionar sua carreira no cinema.
De acordo com o líder indígena, o diretor só teria repassado uma fração do que prometeu transferir para que eles financiassem projetos sociais. À agência, Dutilleux negou e atribui as falas de Raoni à sua idade avançada. Disse ainda que não se interessa pelo dinheiro.
Redação / Folhapress