SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Repercutindo a queda dos preços nos Estados Unidos, o dólar fechou em queda de 0,54%, a R$ 4,8604 nesta sexta-feira (22). Na semana, a moeda americana acumulou baixa de 1,55% e, em dezembro até agora, queda de 1,10%.
O PCE (inflação americana de consumo pessoal), o índice de preços mais acompanhado pelo Fed (banco central dos EUA), de novembro caiu 0,1% na leitura mensal, o primeiro recuo desde abril de 2020, enquanto economistas esperavam estabilidade. Na comparação com novembro de 2022, a alta foi de 2,6%, também menos do que o previsto (2,8%). Em outubro, o PCE anual foi de 3%.
A meta do Fed para a inflação é de 2%. Quanto mais longe da meta, há menos chances da autoridade cortar juros na primeira metade de 2024.
“Esses dados nos mostram que a virada inflacionária ocorreu há algum tempo e, à medida que avançamos no futuro, os efeitos de base continuarão a se manifestar. Isso ajuda a confirmar a ideia de um corte nos juros já em março”, disse David Russell, chefe global de estratégia de mercado da TradeStation.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o PCE aumentou 0,1% em novembro. O chamado núcleo do PCE avançou 3,2% em relação ao ano anterior em novembro, depois de alta de 3,4% em outubro.
A grande maioria do mercado (75,4%, segundo a plataforma CME) aposta que o juro americano será reduzido em 0,25 ponto percentual em maio. Na semana passada, esse percentual era de 62,7%.
Com os dados favoráveis de inflação nos EUA, o dólar ampliou as perdas no exterior e atingiu uma cotação mínima de cinco meses, em relação a uma cesta de moedas fortes.
De acordo com dados preliminares, o Ibovespa subiu 0,43%,a 132.751 pontos e renovou o seu recorde nominal. Na semana, o índice avançou 1,81%, também segundo dados preliminares, marcando a oitava alta nas últimas nove semanas.
Em termos reais, porém, o recorde está longe. Se for considerada a inflação, o pico do Ibovespa seria de 177.098 pontos, quando corrigido pelo IPCA atual, e de 212.305 pontos, quando corrigido pelo IGP-M, ambos atingidos em maio de 2008, antes da crise financeira. Os cálculos são da Economatica.
Em Wall Street, o S&P fechou em alta de 0,17% e o Nasdaq, de 0,19%. O Dow Jones teve leve queda de 0,05%.
Ontem o dólar fechou em queda de 0,49%, a R$ 4,8868, após dados da maior economia do mundo reforçarem a aposta de investidores em uma queda nas taxas em março, mesmo com a sinalização de autoridades monetárias de que o afrouxo deve vir mais tarde.
Na quinta, investidores repercutiram os dados de auxílio de desemprego e do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre dos EUA e o que eles podem implicar à política monetária americana.
O número de americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego teve leve (2.000) alta na semana passada, para 205 mil, sugerindo uma força subjacente na economia à medida que o ano se encerra. Economistas consultados pela Reuters previam 215 mil pedidos.
Embora os dados de pedidos de auxílio sejam voláteis nessa época do ano por causa dos feriados, eles permanecem consistentes com um mercado de trabalho razoavelmente saudável, que deve manter a economia longe de uma recessão no próximo ano. Pelo lado negativo, eles podem gerar inflação e frear o esperado ciclo de cortes nos juros americanos.
Já na leitura final do PIB americano do terceiro trimestre, o governo confirmou que o crescimento econômico acelerou a uma taxa anualizada de 4,9%, em dado revisado para baixo em relação ao ritmo de 5,2% informado anteriormente. Economistas esperavam que não houve revisão, mas esse ainda foi o ritmo de expansão mais rápido desde o quarto trimestre de 2021.
A economia, que cresceu 2,1% no segundo trimestre, tem se expandido a um ritmo muito acima do que as autoridades do Fed consideram como a taxa de crescimento não inflacionária de cerca de 1,8%. No entanto, o ímpeto parece ter esvaído nos últimos três meses do ano, à medida que os gastos dos consumidores diminuem. Para o quarto trimestre, as estimativas de crescimento variam de 1,1% a 2,7%.
“Esse nível de atividade um pouco mais fraco do que o estimado renovou as apostas dos investidores sobre a condução da política monetária americana um pouco menos apertada”, diz Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
“Tudo isso corrobora a visão de que o Fed pode derrubar os juros mais rápido e até mais vezes no ano que vem, e isso acabou enfraquecendo o dólar na sessão”, afirma Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos
Redação / Folhapress