Governador de SC nomeia o próprio filho para a Casa Civil

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), nomeou nesta quarta-feira (3) o seu filho Filipe Melo para a Secretaria da Casa Civil. Ele assume o cargo de Estener Soratto (PL), que retornou ao posto de deputado estadual.

O motivo da troca é a intenção de Soratto de concorrer à Prefeitura de Tubarão nas eleições de outubro. Embora pudesse ocorrer até abril, conforme a lei eleitoral, Jorginho e Soratto anteciparam a troca.

A nomeação de Filipe, que é advogado e já havia sido indicado por Jorginho para secretarias estaduais no governo de Raimundo Colombo (PSD) e na prefeitura de Florianópolis, já era dada com certa nos bastidores do Governo de SC e da Assembleia desde meados de dezembro. Mesmo sem cargo, o novo chefe da Casa Civil já atuava na articulação do governo com o Legislativo.

A nomeação do filho para o primeiro escalão não é ilegal. Conforme entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) de 2008, os cargos de secretariado são considerados nomeações políticas e, portanto, não obedecem à lei antinepotismo, que proíbe nomeações de cônjuges dos administradores e parentes de até terceiro grau destes para cargos públicos.

Na ocasião, o STF se debruçou sobre o caso da nomeação do irmão de Roberto Requião, então governador do Paraná.

Jorginho anunciou a nomeação de Filipe por meio de nota oficial em que cita sua “vasta experiência na gestão pública”, lista os cargos ocupados em secretarias estaduais e em Florianópolis entre 2005 e 2016 e não menciona o parentesco. Procurada pela reportagem, a assessoria de Jorginho também não se manifestou sobre o tema.

Ao longo da quarta-feira, Jorginho também ignorou o assunto nas redes sociais. No X (ex-Twitter), suas manifestações foram sobre investimentos para qualidade de vida de idosos e sobre uma lei que regulamenta a caça a javalis. Na mesma rede social, o rival de Jorginho nas eleições de 2022, o ex-deputado Décio Lima (PT) classificou a medida como “baderna” e “nepotismo vergonhoso”.

Em janeiro, a Folha de S.Paulo noticiou que ao menos outros cinco governadores haviam nomeado parentes para o primeiro escalão de seus governos.

CAUE FONSECA / Folhapress

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