SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – No dia que marcou os 191 anos de ocupação britânica das Ilhas Malvinas, o governo brasileiro disse apoiar os “legítimos direitos” da Argentina na disputa de soberania com o Reino Unido pelo território. A nota foi divulgada na quarta-feira (3) pelo Itamaraty.
O governo brasileiro se posicionou favoravelmente à soberania da Argentina na disputa pelo território das Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes. O Itamaraty fala em “legítimos direitos” para defender novas discussões bilaterais com o Reino Unido.
“O Brasil reafirma seu apoio aos legítimos direitos da Argentina na disputa de soberania com o Reino Unido sobre as Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes. A posição do Brasil remonta a 1833, quando o embaixador brasileiro em Londres foi instruído a coadjuvar o protesto argentino junto ao governo britânico pela ocupação das ilhas”, afirma a nota do Itamaraty.
O contexto histórico do conflito pelas Ilhas Malvinas se origina nos anos 1830, quando o arquipélago foi reivindicado pela Espanha, Reino Unido e Argentina. Em 1833, o império britânico expulsou os argentinos das ilhas e assumiu o controle. Desde então, a Argentina reivindica a soberania do território.
No século seguinte, a Argentina, durante ditadura militar, decidiu tentar reconquistar o território instaurando um conflito. No entanto, em 1982, o Reino Unido reassumiu o controle das Ilhas Malvinas. O arquipélago é chamado de Ilhas Falkland pelos britânicos.
O preparo e poder militar do Reino Unido se sobressaiu durante o embate. Com um conjunto bélico com direito a submarino nuclear, os britânicos conseguiram que os argentinos se rendessem. Durante a guerra, cerca de 649 argentinos morreram, mais que o dobro do número de britânicos mortos (255).
A nota de apoio do Brasil faz parte de uma agenda de descolonização, afirma o Itamaraty. O posicionamento vem em um momento em que o presidente argentino, Javier Milei, deseja restabelecer o controle do território.
“Em linha com a posição argentina, o Brasil favorece a criação de ambiente de confiança que contribua para a retomada das negociações bilaterais, conforme recomendam as resoluções das Nações Unidas, organização na qual a disputa é tratada, desde a década de 1960, como um tema de agenda de descolonização”, afirma a nota do Itamaraty. “O compromisso brasileiro com o apoio aos direitos argentinos foi reafirmado, recentemente, na Declaração Conjunta por ocasião da visita oficial do Presidente da República à República Argentina, em janeiro de 2023, e no Plano de Ação para o relançamento da Aliança Estratégica Brasil-Argentina, aprovado em junho de 2023.”
O apoio brasileiro, firmado historicamente, vai ao encontro de uma visão da América do Sul como região de paz e cooperação, complementa o texto.
“A posição brasileira inscreve-se também na visão da América do Sul como região de paz e cooperação, conforme reafirmado no Consenso de Brasília, aprovado por todos os países sul-americanos em maio de 2023, e na prioridade atribuída à manutenção do Atlântico Sul como zona de paz e cooperação”, diz a nota.
Redação / Folhapress