Dom Odilo defende padre Júlio e diz que não quer abafar CPI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Arcebispo de São Paulo, o cardeal dom Odilo Scherer afirma que não tem intenção de abafar a CPI das ONGs e defende o padre Júlio Lancellotti, que seria o principal alvo da investigação proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil) na Câmara Municipal de São Paulo.

“Não estou querendo ‘abafar’ coisa nenhuma. Querem fazer a ‘CPI das ONGs’? Pois façam! Por que mirar no trabalho do padre Júlio, que não é ONG, não tem ONG e não recebe dinheiro público para seu trabalho? Padre Júlio faz seu trabalho em nome da Arquidiocese de São Paulo, que também não é ONG e não recebe $ [dinheiro] público”, escreveu o cardeal nas redes sociais.

Em nota, a Arquidiocese de São Paulo afirmou acompanhar “com perplexidade” a possível abertura da investigação.

Nunes protocolou o pedido de abertura de CPI em dezembro, com assinaturas de 24 vereadores, e recebeu sinalização positiva de parte da cúpula da Câmara sobre sua instalação em fevereiro. No entanto, diante da forte repercussão contra a CPI, vereadores têm retirado apoio.

Ela ainda precisa ser apreciada no colégio de líderes e em plenário para que seja instalada.

O vereador pretende investigar o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, e o coletivo Craco Resiste. Ambos atuam junto à população em situação de rua e a dependentes químicos da região central da cidade, e tornaram-se alvos iniciais da proposta de CPI pelo vínculo que supostamente teriam com o padre, na visão do vereador.

O padre afirmou à coluna Painel, da Folha de S.Paulo, que não faz parte de nenhuma ONG e não tem qualquer envolvimento com projetos que envolvam dinheiro público, e que, por isso, não vê sentido em ser investigado.

“Se eu for chamado a falar, de que ONG vão falar que eu sou? Ou, se me convocarem, estarão convocando a Arquidiocese de São Paulo. A minha ação é da arquidiocese, que não é ONG e não é conveniada com a prefeitura. Não vão encontrar dinheiro público em nenhuma das ações”, disse.

“O que a Câmara pode fazer é fiscalizar dinheiro público. Não existe CPI para fiscalizar a igreja”, acrescentou.

GUILHERME SETO / Folhapress

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