Cerimônia na CBF mostra isolamento do presidente Ednaldo Rodrigues

RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O velório de Zagallo na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro, teve Ednaldo Rodrigues como uma espécie de mestre de cerimônias. Na posição de presidente da entidade, ele agiu como anfitrião da solenidade, que não escondeu –ou, por outra, escancarou– o ambiente turbulento.

Enquanto recebia quem aparecia para prestar homenagens ao tetracampeão mundial e fugia de perguntas sobre o próximo técnico da seleção brasileira, o dirigente procurava sorrir ao lado de Reinaldo Carneiro Bastos, um de seus vice-presidentes. Uma pessoa que atua na CBF descreveu a situação como “uma briga de facas no escuro”.

Reconduzido na última quinta (4) ao posto de presidente com uma liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, Ednaldo é uma das personagens de uma guerra de bastidores na confederação. A liminar não lhe garante um futuro alvissareiro, já que a assembleia geral da entidade pode destituí-lo.

Há conversas nesse sentido, e está no centro delas justamente Reinaldo Carneiro Bastos, que é também presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol). No caso de novas eleições, ele é o favorito a assumir a cadeira, com a concorrência de Flávio Zveiter.

Bastos e Rubens Lopes, presidente da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), foram os únicos dois vice-presidentes da CBF no velório, ainda que ele tenha sido realizado na própria sede da confederação. Há um isolamento de Ednaldo, que não encontrou na cerimônia seus outros seis vice-presidentes. E os dois que apareceram não são exatamente fiéis aliados.

Desde que foi reconduzido à presidência –o caso ainda será avaliado pelo plenário do STF, já que o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) contesta um acordo que permitiu sua eleição–, Rodrigues procurou demonstrar que está seguro no cargo. Mas tomou decisões rápidas, antes de novas intempéries.

Uma delas foi a demissão do técnico Fernando Diniz, que vinha comandando a seleção brasileira de forma interina, à espera de Carlo Ancelotti. Ednaldo dizia ter um acordo verbal com o italiano, que nunca confirmou o acerto e, enquanto o presidente estava afastado, assinou a renovação de seu contrato com o Real Madrid.

Sem Ancelotti e diante de um início historicamente ruim de Diniz, o presidente definiu Dorival Júnior como o alvo. Ele avançou nas conversas com o técnico do São Paulo, que topou o convite.

Ainda que preocupe Dorival a “briga de facas no escuro” da CBF, ele viu o convite da seleção como a oportunidade que esperava na carreira. Deixou-o mais tranquilo saber que ele conta também com a simpatia de Reinaldo Carneiro Bastos. Para tirá-lo do São Paulo, a confederação pagará a multa rescisória de seu contrato, na casa dos R$ 4 milhões.

Os trâmites da contratação serão acompanhados de perto por representantes da Fifa (Federação Internacional de Futebol) e da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol). As duas instituições chegam nesta segunda-feira (8), em uma comissão para averiguar se há interferência de terceiros na CBF.

Os regulamentos da Fifa e os da afiliada Conmebol não permitem intervenções estatais em associações nacionais de futebol, como a CBF. Esse foi justamente um dos pontos citados por Gilmar Mendes em sua liminar. O ministro apontou que o Brasil precisava fazer sua inscrição no torneio pré-olímpico de futebol até sexta (5), o que seria complicado com um presidente afastado.

CAMILA ZARUR E MARCOS GUEDES / Folhapress

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