Acidente na Bahia matou mulher grávida, namorado e mais três da mesma família

JACOBINA, BA (FOLHAPRESS) – “A dor que estamos sentindo não tem como descrever. A família nossa está acabada, perder todos eles desse jeito é uma coisa muito terrível”, desabafou Pedro da Silva, morador da cidade de Jacobina (a 340 km de Salvador), ao falar da morte de quatro de seus parentes.

Eles estavam entre as 24 vítimas que morreram no acidente entre um micro-ônibus e um caminhão que aconteceu na noite do domingo (7) na BR-324 nas proximidades da cidade de Gavião, no norte da Bahia. Outras seis pessoas ficaram feridas.

A família tinha aproveitado o fim de semana de verão para passar o domingo na praia de Guarajuba, umas das movimentadas do litoral norte da Bahia que fica em Camaçari (60 km de Salvador). Embarcaram em uma excursão e percorreram cerca de 350 quilômetros –um trajeto de cinco horas– para chegar à praia.

Na volta, contudo, a colisão frontal entre os veículos tirou a vida de Tiago Manoel dos Santos, 38, sua esposa Gabriela Ferreira dos Santos, 35, o filho adolescente Wolyver Manoel Araújo dos Santos, 14 e a filha Stefanny Vitória Araújo da Silva, de 19 anos —que estava grávida de três meses.

Também morreu no acidente João Victor Carvalho Lima, que era namorado de Steffany e embarcou na viagem com a família.

“O que mais dói é que só foram divertir um pouco porque trabalhavam muito, e acontece uma tragédia dessa. É muita dor, muito sofrimento de todo mundo, está todo mundo arrasado”, disse Pedro da Silva, primo de Tiago Manoel.

A família participou de um velório coletivo organizado pela prefeitura de Jacobina na noite desta segunda-feira (8) –das 24 vítimas do acidente, 21 moravam na cidade.

Ao todo, 11 corpos foram velados no ginásio de esportes municipal em um clima de dor e consternação que tomou a cidade. A prefeitura decretou luto de sete dias e o comércio fechou as portas nesta segunda e na manhã desta terça-feira (9).

Familiares, amigos e membros da comunidade compareceram ao velório no ginásio para prestar condolências e homenagear as vítimas do acidente. Outras famílias optaram por realizar velórios em suas casas ou em templos religiosos.

Na manhã desta terça-feira (9), centenas de pessoas se uniram em um cortejo nas ruas da cidade até o cemitério municipal, onde foram enterrados os corpos de parte das vítimas do acidente.

Os corpos do presbítero Erivaldo dos Santos Nascimento, 36, a diaconisa Tatiane Santos de Souza Nascimento, 39, e do filho do casal, Emanuel Santos de Souza Nascimento, 11, foram velados na sede da igreja Assembleia de Deus Madureira, no bairro da Estação.

“É difícil encontrar palavras para expressar a dor que estamos sentindo ao perder nosso querido irmão Erivaldo, sua amada esposa Tatiane e o filho deles. É uma verdadeira tragédia”, afirmou nesta segunda um primo de Erivaldo que se identificou como Antônio.

Ele classificou o primo como um homem dedicado à igreja e um bom chefe de família e disso que a esposa dele era conhecida por ser uma mãe amorosa. “Que suas almas descansem em paz na eternidade”, afirmou.

Em uma rede social, a igreja publicou uma nota de pesar sobre a morte do presbítero e dos outros dois integrantes da família. “Nesse momento de dor, marcado fortemente pela saudade, nos unimos à família e aos amigos, acompanhando-os com nossas condolências e apoio”, diz trecho.

Dezenas de pessoas publicaram comentários lamentando as mortes, entre eles vários pastores e missionárias.

Também foi velado nesta segunda-feira o corpo do saxofonista Gleidson Santana de Andrade, conhecido com Guel do Sax. Ele era membro da Filarmônica 2 de Janeiro e conhecido no cenário musical da região, onde integrava a banda do cantor Davi Lucca.

Parentes amigos e membros da banda compareceram ao velório no ginásio municipal e lamentaram a perda.

“Um amigo, grande músico e que deixará muita saudade para todos nós que convivíamos com ele. Peço a Deus que conforte os corações de todos da família e de todos nós. É uma perda irreparável, muito triste”, disse Mycael Ribeiro, baterista da banda em Gleidson tocava.

Uma das sobreviventes doa acidente, a estudante Maysa Grassi perdeu o pai Edimilson Alencar dos Santos, 48, a mãe Amarilis Lima Grassi Santos, 44, e a irmã, Sabrina Grassi Alencar Santos, 17.

Em uma rede social, ela compartilhou fotos da família e mensagens de luto: “Amarei você para sempre, vai com Deus meu pai amado, minha mãe querida e minha irmã adorada. Vocês eram tudo para mim”.

A entidade Vaqueiras da Bahia, formada por mulheres que participam de vaquejadas, publicou em uma rede social uma homenagem a Sabrina. A adolescente era praticante do esporte, popular nos estados do Nordeste.

COMO FOI O ACIDENTE

O acidente ocorreu por volta das 22h30 de domingo (7), segundo a Polícia Rodoviária Federal, no km 381 da BR-324, na altura da cidade de São José do Jacuípe, a 291 km de Salvador.

A Polícia Rodoviária Federal afirma que a colisão pode ter ocorrido durante uma ultrapassagem, mas que uma confirmação da causa do desastre só será conhecida após conclusão de perícia técnica. Uma equipe da corporação foi destacada para as investigações.

O inspetor da Polícia Rodoviária Federal da Bahia Cleriston Rodrigues, que trabalha há 30 anos no trecho onde o acidente ocorreu, afirmou à reportagem nunca ter visto um desastre dessa magnitude na região. “Foi uma colisão frontal muito forte”, disse.

Segundo o inspetor, o trecho em que a batida ocorreu é uma reta, não havia no momento da batida nenhum problema de visibilidade (como neblina ou animais na pista) e não chovia. “Pode ter ocorrido uma falha humana”, afirmou.

ROBSON GUEDES / Folhapress

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