SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma avaliação laboratorial identificou câncer de próstata no Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, que passou por uma cirurgia no dia 22 de dezembro por causa do quadro, informou o Centro Médico Militar Nacional Walter Reed nesta terça-feira (9).
Dias depois, em 1º de janeiro, Austin foi hospitalizado para tratar uma infecção do trato urinário decorrente do procedimento cirúrgico, continuou o hospital.
“Sua infecção foi eliminada. Ele continua a progredir e esperamos uma recuperação completa, embora esse processo possa ser lento”, disse o centro de saúde em um comunicado divulgado pelo Pentágono. “Durante essa internação, o Secretário Austin nunca perdeu a consciência e nunca foi submetido a anestesia geral.”
Sua hospitalização vinha causando desconforto em Washington. Depois de vir a público que nem o presidente americano, Joe Biden, sabia que ele estava doente e não podia desempenhar as suas funções, Austin afirmou na noite de sábado (6) que a responsabilidade de não informar sobre o procedimento era sua.
“Reconheço que poderia ter feito um trabalho melhor para garantir que o público fosse devidamente informado. Comprometo-me a fazer melhor”, disse Austin no comunicado. “Assumo toda a responsabilidade pelas minhas decisões sobre a divulgação”, completou.
Ele acrescentou que “voltaria em breve ao Pentágono”, agradecendo aos médicos e à equipe do centro médico pelo cuidado.
O Pentágono esperou até a noite de sexta-feira (5) para anunciar que o secretário de 70 anos tinha sido dias antes “por complicações decorrentes de um procedimento médico eletivo recente”, uma violação do protocolo habitual em um momento em que os EUA estão envolvidos na guerra entre Israel e Hamas que se desenrola na Faixa de Gaza.
Um funcionário da Casa Branca não especificou quando Biden foi informado da ausência de Austin, mas afirmou à agência de notícias AFP que ambos haviam conversado no sábado de forma cordial.
A ausência virou arma na mão da oposição. O ex-presidente Donald Trump, até aqui o candidato com mais força para vencer as primárias republicanas e concorrer à Casa Branca, disse que Austin deveria ser demitido por “conduta profissional inadequada e abandono do dever”.
“Ele está desaparecido há uma semana e ninguém, incluindo seu chefe, tinha a menor ideia de onde ele estava ou poderia estar”, escreveu Trump na Truth, a sua rede social.
Já o ex-vice-presidente Mike Pence, que chegou a dizer que concorreria nas primárias republicanas, mas depois desistiu, chamou o atraso de Austin em divulgar sua hospitalização de “omissão de dever”.
Os deputados Mike Rogers e Adam Smith, principais republicano e democrata no Comitê de Serviços Armados da Câmara, respectivamente, disseram no domingo (7) que estavam “preocupados com a forma como a divulgação da condição do secretário foi tratada”.
O mal-estar fez com que o chefe de gabinete da Casa Branca notificasse os secretários com uma ordem para manter a equipe informada de eventuais ausências, segundo o jornal New York Times.
Em um memorando, Jeffrey D. Zients pediu para os líderes das pastas revisarem a hierarquia de suas equipes para o caso de ausência e encaminharem esses procedimentos à Casa Branca, que deve ser mantida atualizada sobre questões médicas impo rtantes.
“Notifique o Escritório de Assuntos do Gabinete e o Chefe de Gabinete da Casa Branca no caso de uma concessão de autoridade ou potencial concessão”, escreveu Zients no memorando, que foi obtido pelo jornal americano. “Essa notificação deve ocorrer quando os gabinetes anteciparem ou estiverem se preparando para uma concessão de autoridade e novamente quando a concessão ocorrer.”
Pessoas próximas à Casa Branca disseram ao New York Times que a falta de aviso de Austin causou frustração em membros da equipe do presidente.
Redação / Folhapress