SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A cidade de São Paulo teve um aumento na quantidade de alagamentos na temporada de chuvas entre novembro de 2022 e abril do ano passado. Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), foram registrados 771 ocorrências de inundações em seis meses, um crescimento de 57% se comparado ao período chuvoso imediatamente anterior, entre 2021 e 2022.
O aumento no registro de enchentes ocorreu apesar de gastos bilionários em obras de drenagem. Segundo o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), foram investidos mais de R$ 3 bilhões nos últimos dois anos em canalização de córrego, contenção de encostas, drenagem e microdrenagem.
Essa alta na quantidade de inundações coincidiu com um aumento nas reclamações relacionadas à falta de drenagem da água da chuva, como mostrou a Folha de S.Paulo. Os dados do órgão municipal mostram ainda que o número de enchentes de cada um dos últimos dois períodos chuvosos também foi maior do que aquele entre 2020 e 2021, quando 682 ocorrências foram registradas.
O número de alagamentos, por outro lado, ficou abaixo de dois períodos chuvosos entre os anos de 2018 e 2020, segundo o levantamento do CGE. O volume de chuva também foi menor.
A gestão Nunes afirma que “os dados mostram uma tendência de queda desde a Operação Verão 2018/2019” e ressalta que, nos anos mais recentes, houve uma variação das condições climáticas.
“No fim do mesmo ano [de 2023] o sistema atuante era o El Niño, que esquenta as águas, trazendo chuvas mais fortes e concentradas para a região Sudeste. Já na Operação em 2022 que registrou menos alagamentos, o fenômeno atuante era o La Niña, que esfria as águas, trazendo menos chuvas para a região Sudeste”, afirmou a prefeitura. “Vale ressaltar ainda que, em 2023, a média de chuva ficou 15,4% acima dos 1.027,9 mm, que é o esperado no período de novembro a abril.”
O próprio CGE afirma, porém, que “não é correto comparar as ocorrências de alagamentos com o volume acumulado de chuva pois cada uma possui características distintas, como intensidade e duração”. O órgão municipal destaca que há chuvas que causam menos alagamentos pois o volume de água é distribuído ao longo do dia, em vez de concentrado em um curto intervalo de tempo.
Dados publicados pela Ouvidoria-Geral do Município mostram que houve uma piora nas reclamações mesmo antes da sequência de tempestades que atingiu a capital paulista nos últimos três meses. Houve também um aumento de 12% nas queixas sobre varrição e acúmulo de lixo, que entope galerias subterrâneas e agrava as enchentes.
Ao mesmo tempo, a prefeitura atrasou projetos previstos no Plano de Metas da cidade, substituindo a promessa de construir 11 piscinões por “230 obras no sistema de drenagem” até o fim deste ano. Os 11 piscinões com obras adiadas pela prefeitura estão nas áreas mais problemáticas da cidade. Os planos incluíam a construção de reservatórios em regiões como Itaquera, Vila Prudente e Aricanduva, na zona leste, e Santo Amaro, na zona sul.
Na última quinta-feira (11), um dia depois de um temporal que provocou grandes alagamentos na região central, Nunes destacou os investimentos que sua gestão tem feito no combate às enchentes, com a construção de quatro piscinões em Perus, na zona norte, e outro no Capão Redondo, na zona sul.
TULIO KRUSE / Folhapress