SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Vivek Ramaswamy, 38, e Asa Hutchinson, 73, desistiram da corrida pela indicação republicana à Casa Branca nesta terça-feira (16), um dia após o favorito, o ex-presidente Donald Trump, vencer com ampla vantagem a primeira batalha pela nomeação do partido, em Iowa.
Com 95% dos votos apurados, Trump tinha 51% de apoio no estado maior percentual já obtido em uma disputa da legenda. O governador da Flórida, Ron DeSantis (21,2% dos votos), ficou em segundo, e a ex-embaixadora dos EUA na ONU Nikki Haley (19,1%), em terceiro. O resultado fortaleceu a perspectiva de um novo embate entre Trump e o democrata Joe Biden em novembro.
Após a desistência, Ramaswamy, um bilionário filho de indianos que angariou 7,7% dos eleitores do estado, declarou apoio a Donald Trump. Defensor ferrenho do empresário, o político já disse que o considera “o melhor presidente americano do século 21” e se comprometeu a conceder indulto ao colega de partido caso fosse eleito, cobrando uma posição quanto a isso dos outros candidatos.
Trump tem uma série de problemas com a Justiça. O republicano tornou-se réu pela primeira vez em abril do ano passado, num caso que investiga a compra do silêncio de uma atriz pornô na campanha de 2016. Em junho, houve a segunda acusação por ter guardado consigo arquivos secretos após deixar a Casa Branca.
O ex-presidente também é réu no caso que apura a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, e as tentativas de reverter sua derrota na eleição presidencial de 2020 e interferir no resultado eleitoral da Geórgia.
Os imbróglios de Trump na Justiça eram um problema para Hutchinson, que conseguiu os votos de menos de 1% dos eleitores do estado. Principal opositor do ex-presidente dentro do partido, o republicano foi governador do Arkansas entre 2015 e 2023 e tem experiência na política partidária desde os anos 1980. Hutchinson foi promotor federal, cumpriu três mandatos na Câmara e ocupou cargos importantes na administração de George W. Bush.
O político é crítico de correligionários que sustentam que a eleição de 2020 foi roubada e pediu reiteradamente que Trump se retirasse da corrida eleitoral. A tentativa de resgatar a memória do Partido Republicano do passado, porém, não teve êxito.
“Hoje estou suspendendo minha campanha para presidente e voltando para o Arkansas”, disse o político em um comunicado. “Minha mensagem de ser um republicano de princípios, com experiência, e dizer a verdade sobre o atual favorito não deu certo em Iowa. Defendo a campanha que fiz.”
O fracasso é reflexo do controle que Trump exerce sobre grande parte do eleitorado republicano. O ex-governador de Nova Jersey, Chris Christie, que é crítico do empresário assim como Hutchinson, também definhou nas sondagens.
Após anunciar sua candidatura em abril, Hutchinson participou apenas do primeiro debate do Partido Republicano, em agosto, e com o menor tempo de fala entre os postulantes. Posteriormente, o político não conseguiu os níveis necessários de pontuação nas pesquisas e de arrecadação de fundos para ser incluído no segundo debate.
Ramaswamy, por sua vez, chegou a mudar de estratégia nos dias que antecederam o caucus de Iowa, chamando o ex-presidente de fraude e se apresentando como um candidato “do outro lado” no Partido Republicano.
O político começou a ganhar projeção entre o eleitorado conservador há pouco mais de dois anos ao criticar a adesão de empresas a causas sociais e políticas. Em 2021, ele lançou o best-seller “Woke, Inc.: Por Dentro do Golpe de Justiça Social da América Corporativa”.
Ele defende que empresas não devem abraçar bandeiras como diversidade e proteção do meio ambiente porque não cabe a elas fazer o julgamento moral necessário para definir quais valores sociais devem ser perseguidos. Essa tarefa, argumenta, deve ser desempenhada apenas por representantes democraticamente eleitos.
Como empresário, ele teria se negado, por exemplo, a divulgar um posicionamento sobre o assassinato de George Floyd, que desencadeou uma onda protestos antirracistas nos Estados Unidos e mundo afora.
Os pais de Ramaswamy migraram da Índia para Ohio, nos EUA, onde o político nasceu e foi criado. O pai trabalhou como engenheiro na General Electric e a mãe, como psiquiatra geriátrica.
O filho de imigrantes indianos conseguiu chamar a atenção no primeiro debate das primárias do partido, em agosto do ano passado. No Google, seu nome foi o mais buscado durante o programa. No X, ex-Twitter, Elon Musk descreveu a performance como “impressionante”.
O empresário e investidor, contudo, nunca concorreu a um cargo público e ainda é em grande parte desconhecido entre o eleitorado.
Redação / Folhapress