Desastres naturais ao redor do mundo causaram mais de US$ 250 bilhões em prejuízos em 2023

LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Ano mais quente já registrado, 2023 também foi marcado por uma série de eventos naturais extremos que causaram mais de US$ 250 bilhões (R$ 1,23 trilhão) em prejuízos financeiros.

O resultado, apresentado em um estudo da companhia de resseguros Munich Re, indica que as cifras do ano passado superam a média de perdas dos últimos dez anos, que foi de US$ 230 bilhões (R$ 1,1 trilhão).

“O aquecimento da Terra, que vem acelerando há alguns anos, está intensificando as condições meteorológicas extremas em muitas regiões, levando a potenciais perdas crescentes. Mais água evapora em temperaturas mais altas, e a umidade adicional na atmosfera fornece mais energia para tempestades severas”, explicou Ernst Rauch, cientista chefe para o clima da instituição, no lançamento do documento.

“A sociedade e a indústria precisam de se adaptar à evolução dos riscos. Caso contrário, os encargos com as perdas aumentarão inevitavelmente”, alertou Rauch.

Com cerca de 74 mil mortes, o ano de 2023 foi também o mais mortal em termos de desastres naturais desde 2010.

Ainda que o grande terremoto na Síria e na Turquia tenha sido o evento mais mortal e que causou a maior quantidade de danos, tragédias naturais de grandes proporções aconteceram por todo o planeta.

Com ventos de 180 km/h acompanhados de chuvas torrenciais, o tufão Doksuri, que atingiu parte das Filipinas e da China, foi o segundo evento natural mais custoso em termos globais em 2023, deixando um prejuízo de cerca de US$ 25 bilhões (R$ 123, 2 bi).

O furacão Otis, na costa oeste do México, foi classificado como um evento excepcional pelo documento. O que começou como uma tempestade tropical fraca evoluiu, em 24 horas, para um furacão de categoria 5, a mais forte possível.

Ambos os fenômenos se encaixam no padrão de intensificação de tempestades previsto pelos cientistas como consequência das mudanças climáticas, causadas pelas emissões de gases de efeito estufa das atividades humanas.

O rastro global de estragos, contudo, não está limitado às tormentas-gigantes. O relatório destaca que o ano foi marcado ainda por uma série de tempestades regionais bastante destrutivas.

Um outro levantamento, dessa vez realizado pela multinacional britânica Aon, que trabalha com gestão de riscos e resseguros, mostra que o Brasil também amargou prejuízos significativos ligados às questões climáticas.

Entre janeiro e setembro de 2023, as perdas no Brasil somaram US$ 555 milhões (R$ 2,7 bilhões), segundo o relatório. Desse montante, cerca de US$ 205 milhões (R$ 1 bilhão) são relacionados às grandes chuvas e inundações ocorridas em junho no Rio Grande do Sul.

Se forem considerados os danos registrados em conjunto com outros países, como a seca da região da tríplice fronteira com a Argentina e com o Uruguai, o valor total chega a quase US$ 11,3 bilhões (R$ 56 bilhões).

“Hoje as empresas também precisam se preocupar com contratação de seguros para risco climáticos”, diz Thiago Lang diretor de Indústrias, M&A & ESG da Aon.

Lang destaca que a intensificação dos eventos climáticos extremos já se reflete nos preços e nas condições oferecidas pelas seguradoras. No Brasil, a tendência é de que as companhias fiquem cada vez mais atentas a isso, à medida que forem aumentando também os dados relacionados a esses fenômenos.

“O Brasil sempre foi considerado um território quase livre de catástrofes naturais, mas hoje ele já passa a não ser mais tão visto assim. Mas o potencial de catástrofe do país ainda não está estudado a fundo”, explica.

Nos Estados Unidos, um estudo realizado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa, na sigla em inglês) revelou que 2023 foi o ano com o maior número de catástrofes climáticas que provocaram prejuízos bilionários.

Segundo a agência, foram 28 eventos com estimativas de danos de pelo menos US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) no país.

“Ondas de calor recordes, secas, incêndios florestais e inundações são um lembrete preocupante das consequências da tendência de aquecimento a longo prazo”, disse o diretor dos Centros Nacionais de Informação Ambiental da agência Deke Arndt.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, há possibilidade de que 2024 seja ainda mais quente do que 2023, o que indica que os prejuízos mundiais associados às catástrofes também devem continuar em níveis elevados.

GIULIANA MIRANDA / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS