SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-deputado e ex-ministro Aldo Rebelo (PDT) vai assumir a Secretaria de Relações Internacionais na Prefeitura de São Paulo, cargo vago depois que a ex-prefeita Marta Suplicy deixou a gestão de Ricardo Nunes (MDB).
A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha de S.Paulo. Aldo aceitou o convite nesta quarta-feira (17) e começa a trabalhar em fevereiro, em data ainda não definida.
Como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, Aldo, que também já foi filiado ao PC do B, tirou uma foto ao lado de Nunes na terça-feira (16) o prefeito compartilhou o encontro em suas redes.
Aliados de Nunes e de Jair Bolsonaro (PL) afirmam que Aldo tem o apreço do ex-presidente e que a escolha lhe agradou. Segundo Valdemar Costa Neto, Bolsonaro vai apoiar o prefeito na eleição paulistana.
Apesar de o PDT ter declarado apoio a Guilherme Boulos (PSOL) na eleição paulistana, Aldo afirmou que não deve apoiar o deputado federal, expondo uma divergência na legenda.
Em conjunto com o presidente nacional licenciado do PDT, Carlos Lupi, o presidente do diretório municipal do PDT, Antonio Neto, já estudava afastar, licenciar ou desfiliar Aldo. O próprio ex-ministro declarou que pedirá licença da sigla.
“Recebi convite do prefeito Ricardo Nunes para uma secreE À taria na cidade de São Paulo. Decidi aceitar. Em comum acordo com o presidente Lupi, pedirei licença do PDT pelo período que ocupar a função”, publicou Aldo nas redes sociais.
Braço direito de Bolsonaro, Fabio Wajngarten diz aprovar a escolha. “É uma boa opção de nome, impecável. Ele defende as nossas pautas, como direito à defesa, respeito à propriedade privada. Aldo traz musculatura numa eleição difícil e todo mundo que venha a somar com força é bem-vindo”, afirma.
Questionado sobre a atuação de Aldo na esquerda, Wajngarten respondeu que trata-se de “pragmatismo para derrotar Lula, Boulos e o PT”. “Nós somos a verdadeira frente ampla, não a de Boulos, que é a união da esquerda com a extrema esquerda”.
A direção do PDT considera ser incompatível que um filiado do partido tenha um cargo na prefeitura, já que a legenda definiu o apoio a Boulos, principal adversário de Nunes na eleição.
Aldo declarou ao Painel, na terça, que não apoiaria Boulos e que tinha visão muito crítica a ele. “Eu era ministro do Esporte e ele era o líder do Não Vai ter Copa na cidade de São Paulo. Era um movimento que promovia quebra-quebra, sabotagem da Copa. Não tenho como apoiar uma pessoa dessas, não tenho condições.”
O pedetista foi ministro do Esporte de 2011 a 2015, durante as gestões de Dilma Rousseff (PT). Também chefiou o ministério da Defesa entre 2015 e 2016.
Atualmente, tem sido crítico do governo Lula (PT) e chegou a ir ao congresso do MBL no ano passado. Apesar de ter militado na esquerda, Aldo é bem aceito pela direita bolsonarista por defender temas que mobilizam esse grupo, como nacionalismo e o setor agro, além de questionar a atuação de ONGs estrangeiras na Amazônia.
No aniversário do 8 de janeiro, Aldo declarou ao Poder 360 que o golpe era uma “fantasia”. “Atribuir uma tentativa de golpe a aquele bando de baderneiros é uma desmoralização da instituição do golpe de Estado”, disse.
Coordenador da campanha de Nunes e presidente do MDB, Baleia Rossi comemorou a aliança com Aldo.
“Presidente da Câmara e ministro em diferentes governos, Aldo Rebelo militou no MDB no início da redemocratização. É uma pessoa honrada com enormes serviços prestados ao país e a São Paulo. Muito bom vê-lo ao lado do prefeito Ricardo Nunes. Aldo é frente ampla também”, escreveu no X.
O ex-ministro também pode ser punido pela Comissão Nacional de Ética Partidária por não apoiar Boulos, mas isso só ocorreria depois da decisão formal do partido, que deve ser anunciada em convenção partidária no final de julho ou início de agosto.
Marta deixou a prefeitura no último dia 9, em um movimento para se filiar ao PT e ser a vice de Boulos, o que representou um revés para Nunes.
O PT municipal marcou para 2 de fevereiro um ato festivo para a filiação de Marta. O evento, previsto para as 18h, ainda não tem local definido, mas há a previsão de participação do presidente Lula e de Boulos. Criticada por alas minoritárias do partido, a repatriação da ex-prefeita deverá sofrer contestações internas, o que pode levar o assunto para discussão no diretório nacional. Ela ainda não apresentou o pedido formal de filiação.
A secretária-adjunta de Marta na pasta é a embaixadora Maria Auxiliadora Figueiredo, que exerce o cargo após a demissão da ex-prefeita. Figueiredo também é filiada ao PDT e ligada a Aldo foi suplente dele na eleição para o Senado em 2022.
CAROLINA LINHARES / Folhapress