SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai apoiar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre à reeleição e tem como principal adversário Guilherme Boulos (PSOL).
Até agora, o próprio Bolsonaro não deixou claro seu apoio, apesar das indicações de Tarcísio e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Tarcísio afirmou que o ex-presidente vem “entendendo o cenário eleitoral” e a questão da “viabilidade eleitoral”, sinalizando que Bolsonaro foi convencido da tese do PL de que um candidato totalmente bolsonarista não venceria Boulos, mas Nunes teria mais chances.
Governador e prefeito estiveram juntos nesta segunda-feira (22), na entrega de 160 unidades habitacionais da CDHU em Guaianases, zona leste da capital. Já é o segundo compromisso público de Tarcísio e Nunes com o tema da habitação, área que projetou Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).”Ele está entendendo bastante o cenário eleitoral. […] Estará junto também, vai apoiar o Ricardo Nunes e é um apoio importante, que traz essa parcela da direita”, disse Tarcísio, que deixou claro seu embarque no palanque de Nunes na semana passada.
“Tem uma questão de viabilidade eleitoral que está na mesa e isso vai ser decisivo também para esses eleitores do presidente embarcarem nessa frente ampla”, completou o governador.
O prefeito, por sua vez, disse que vai conquistar o eleitor bolsonarista com uma série de ações da sua administração e porque o melhor para São Paulo é “vencer a extrema esquerda”. Ele foi questionado a respeito do público do ex-presidente por vezes não o considerar suficientemente bolsonarista.
“Para os eleitores do [ex-]presidente Bolsonaro, acho que vai pesar muito a indicação dele e do Tarcísio”, declarou Nunes, emendando que sua relação com Bolsonaro “é muito boa”.
“[Vou] colocar para as pessoas que o melhor para a cidade é vencer a extrema esquerda, uma pessoa que não tem nenhuma experiência, é extremamente agressivo, uma pessoa que a vida inteira só fez desordem, só fez ações que pudessem tornar a cidade próxima do caos”, disse em referência a Boulos.
Ao final, fez um aceno à direita conservadora ao pregar “o que está na bandeira do Brasil: Ordem e Progresso”. “Ter ordem para ter progresso e ter progresso para ter ordem”, completou.
Ao listar seus atrativos para o eleitor bolsonarista, Nunes mencionou melhoria no desemprego, investimentos, compromisso fiscal, segurança jurídica, experiência, apoio da Câmara Municipal e a parceria com o governo Tarcísio. E repetiu o que vem se tornando um slogan: “Eu nunca invadi nada, a gente sempre respeitou as leis”.
“É um conjunto de ações que a gente está fazendo na administração. A gente traz esse eleitor para uma questão fundamental, que é gostar da nossa cidade, não deixar retroagir. […] É importante transmitir isso para todos os eleitores, do centro, que é meu campo, da direita, da esquerda”, disse o prefeito.
Com o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) ao seu lado, Nunes disse construir uma “frente ampla em defesa da cidade”.
Tarcísio também usou a expressão “frente ampla”, que tem sido reivindicada tanto por aliados de Nunes como por aliados de Boulos, especialmente após a entrada de Marta Suplicy na chapa do psolista. A campanha da esquerda busca reproduzir a campanha de Lula em 2022, que teve como estratégia buscar amplitude contra Bolsonaro.
“A gente está construindo uma frente ampla de aliança, uma frente ampla de apoio ao Ricardo Nunes”, disse Tarcísio, para quem o emedebista é “a melhor opção para São Paulo”.
O governador disse que a parceria entre ele e Nunes é “fundamental para as políticas públicas” e que esse “alinhamento está sendo transmitido para Bolsonaro”. Ainda em relação ao apoio do ex-presidente, disse que ele tem apreço por Nunes.
O evento desta segunda teve uma série de recados ao adversário do PSOL. O secretário estadual da Habitação, Marcelo Branco, afirmou em seu discurso que, das 160 famílias contempladas, 27 já haviam sido atendidas por um convênio em 2002, mas o prédio que deveria ter sido entregue a elas, na Cidade Tiradentes, foi invadido.
Segundo ele, isso mostraria a injustiça das invasões. “A gente tem que ser firme com essas questões para que a justiça seja feita”, disse Branco.
Nunes e Tarcísio também ressaltaram o trabalho conjunto em diversas áreas, como costumam fazer nos eventos que compartilham. O alinhamento entre as gestões estadual e municipal para a realização de entregas vai ser explorado na campanha como um ativo para o prefeito, em contraponto a Boulos, que faz oposição a Tarcísio.
CAROLINA LINHARES / Folhapress