SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No último boletim divulgado antes que se completasse uma semana do temporal que atingiu o Rio Grande do Sul, no dia 16, a concessionária CEEE Equatorial, que atende Porto Alegre, enfim comunicou ter restabelecido o serviço de energia elétrica a todos os seus clientes.
O temporal deixou 1,314 milhão de unidades sem luz no estado. O número superou em 46% o último evento a provocar um apagão de grande abrangência no RS, um ciclone-bomba que deixou 895 mil gaúchos sem luz e 64 cidades gaúchas em situação de emergência, em 2020.
Segundo o Governo do RS, que passou a unificar as informações sobre o fornecimento de energia, água e telefonia desde o dia 19 em três boletins diários, ainda restam 3.000 pontos sem luz no estado. Todos são de responsabilidade da RGE, concessionária que atende municípios do interior e alguns da região metropolitana de Porto Alegre -o número corresponde a 0,1% dos clientes da empresa.
A resposta sobretudo da CEEE Equatorial após o temporal rendeu críticas, protestos em via pública e pode resultar em duas CPIs -na Câmara Municipal, que já é dada como certa, e na Assembleia Legislativa- para investigar a atividade da empresa desde a sua privatização, em 2021.
A RGE enfrentou menos críticas em razão de atuar em uma área mais ampla. Na segunda (22), porém, a companhia foi incluída no pedido de CPI da Assembleia que, a princípio, teria apenas a CEEE Equatorial como objeto de investigação.
O Ministério Público Estadual também ajuizou ação em que pede o restabelecimento completo da energia nos municípios atendidos em até 24 horas. Além da região metropolitana da capital, havia clientes da empresa sem luz no Vale do Taquari.
Na sexta-feira, quando 241 mil imóveis ainda estavam sem luz em Porto Alegre, o presidente da CEEE Equatorial, Riberto Barbanera, estimou o restabelecimento total dos serviços até domingo (21), o que não aconteceu. Ao final da tarde de domingo ainda havia 26,5 mil pontos sem energia sob responsabilidade da empresa e outros 23 mil referentes à RGE.
As sedes das duas concessionárias foram visitadas pelo governador Eduardo Leite (PSDB) no final de semana. Nesta quarta-feira (24), Leite deve se reunir com as direções da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), da Agergs (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS) e das concessionárias para discutir a crise e medidas de prevenção.
A crise no fornecimento de energia deixou evidente outros problemas, como o atraso nas podas de árvores em Porto Alegre, uma das metrópoles mais arborizadas no Brasil, a ausência de geradores nas estações de tratamento de água e a fragilidade dos cabos elétricos da rede da cidade, 95% sem qualquer proteção adicional contra o contato com galhos, por exemplo.
A estimativa da Prefeitura de Porto Alegre é que a cidade esteja totalmente limpa dos destroços do temporal em até um mês.
Redação / Folhapress