SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O regime do Irã reiterou nesta quarta-feira (31) a promessa de responder a qualquer ameaça contra o país feita pelos Estados Unidos, enquanto Washington acusa Teerã de apoiar os responsáveis pelo ataque que matou três militares americanos e deixou outros 40 feridos no nordeste da Jordânia.
“Ouvimos ameaças vindas de autoridades americanas. Dizemos a elas que já nos testaram e agora nos conhecemos. Nenhuma ameaça ficará sem resposta”, afirmou o chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami, segundo a agência de notícias Tasnim.
A declaração reverbera o momento de tensão entre os países no contexto da guerra entre Israel e Hamas. Enquanto Washington é o maior aliado de Tel Aviv, Teerã financia o grupo terrorista palestino. Já a morte dos americanos, no sábado (27), marcou as primeiras baixas dos EUA no Oriente Médio desde o início do conflito, o que aumentou a crise.
O presidente Joe Biden responsabilizou grupos apoiados por Teerã e prometeu retaliação. Em campanha na Flórida, o democrata disse nesta terça (30) que já havia decidido qual seria a resposta ao ataque na Jordânia e que não buscava uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Em comunicado, porém, a Casa Branca informou, sem entrar em detalhes, que a represália provavelmente terá “múltiplas ações”.
Segundo Pat Ryde, porta-voz do Pentágono, informações da inteligência mostram que a ofensiva contra os americanos teve as “impressões digitais” do Kataib Hezbollah, grupo paramilitar xiita que busca estabelecer no Iraque um regime alinhado com o Irã e é financiado pela república islâmica.
O Irã nega ter tido qualquer participação na ofensiva contra os americanos, embora o regime financie o Hamas e outros grupos inimigos dos EUA no Oriente Médio. Entre os grupos apoiados por Teerã estão os houthis, do Iêmen, que passaram a atacar embarcações, inclusive americanas, no mar Vermelho desde novembro passado, segundo eles em apoio ao grupo palestino.
Teerã tem evitado um confronto direto com os americanos, que chegaram a enviar porta-aviões à região em esforço para coibir novas ofensivas contra Israel. Na segunda (29), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano Nasser Kanaani disse que os ditos “grupos de resistência” alguns dos quais são considerados terroristas por parte da comunidade internacional não recebem ordens do regime.
Mas, nos últimos dias, autoridades iranianas vêm manifestando o temor de embates contra as forças americanas. O enviado do Irã às Nações Unidas, Amir Saeid Iravani, ecoou as declarações de Hossein Salami, o chefe da Guarda Revolucionária, nesta quarta. Ele reforçou que Teerã responderia “de forma decisiva” a qualquer ataque contra o território, interesses ou cidadãos de seu país.
As mortes na Jordânia viraram munição para os opositores de Biden, que consideram o ocorrido uma evidência do fracasso do presidente democrata em confrontar o Irã.
Desde o início do conflito em Gaza, as forças dos EUA foram atacadas mais de 150 vezes por grupos apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria, e antes da ofensiva de sábado, 70 pessoas já tinham sido feridas a maioria sofreu lesões cerebrais. Ao mesmo tempo, vários integrantes da Guarda Revolucionária iraniana foram mortos em ataques atribuídos a Israel na Síria.
Embates entre os países aconteciam antes mesmo da guerra entre Israel e Hamas. Em janeiro de 2020, por exemplo, militares da Guarda Revolucionária atacaram a base americana de Ain al-Asad, no Iraque, após uma ofensiva com drones dos EUA em Bagdá matar o general Qassem Soleimani, comandante da força de elite Quds do Irã.
Redação / Folhapress