SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O interesse de buscas por milhas bateu recorde de pesquisas em 2023, segundo o Google Trends. Os dados são compilados desde 2004, ano do início da série histórica da plataforma. As pesquisas por programas de milhas também quase dobraram em comparação nos últimos dois anos.
Os programas de milhagem são aqueles em que os clientes acumulam pontos que posteriormente são trocados por passagens ou assentos mais confortáveis.
Também é possível, dependendo da empresa, converter as milhas em produtos eletrônicos, ingressos de shows, ou ainda transformá-las em reais e receber cashback.
Para André Coelho, coordenador de projeto da FGV (Fundação Getulio Vargas) e especialista em turismo, a popularização de influenciadores que oferecem cursos e compartilham dicas nas redes sociais sobre a compra e venda de milhas, juntamente com a crise da 123milhas, explicam por que o tema bombou no ano passado.
Segundo a ABEMF (Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização), os brasileiros valorizam cada vez mais esse tipo de programa. Paulo Curro, diretor executivo da associação, afirma que houve crescimento no percentual de pessoas que realizam compras em marcas que oferecem fidelidade ou benefícios: de 72% em 2022 para 85,2% em 2023.
Curro atribui a alta à diversificação do portfólio das companhias, que ampliaram as oportunidades de acúmulo e de resgates de pontos/milhas. Além das passagens aéreas, há diárias em hotéis, produtos como eletroeletrônicos, serviços, descontos e cashback.
Veja as perguntas mais buscadas sobre milhas no Brasil nos últimos 12 meses:
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COMO E ONDE COMPRAR MILHAS?
É possível adquirir milhas nas companhias aéreas, como nos programas de fidelidade LATAM Pass, da LATAM, Smiles, da GOL, ou TudoAzul, da Azul.
Há ainda empresas que vendem bilhetes comprados com milhas de terceiros, mas a prática contrapõe o regulamento de alguns programas de fidelidade, que proíbem a venda de pontos e o compartilhamento de login e senha das contas, usados para resgatar as milhas.
COMO ACUMULAR MILHAS?
É necessário ter cadastro em um programa de milhas e dar preferência às compras em parceiros de seu programa de fidelidade, como aplicativos de transporte, lojas e empresas de aluguel de carros.
Curro também indica optar por formas de pagamento que podem render pontos/milhas, como os cartões de crédito e débito e pagamentos por aproximação ou QR code. “Muitas empresas oferecem bônus ou acúmulo aumentado em determinados tipos de pagamentos”.
Além disso, diversos programas de fidelidade têm seus próprios marketplaces geradores de pontos/milhas e vários varejistas possuem programas próprios, o que permite ganhar benefícios na loja e em determinado tipo de pagamento.
“É fundamental ficar atento às comunicações dos programas e visitar os sites ou aplicativos com frequência para acompanhar as novidades e aproveitar as oportunidades”, diz Curro.
Outra maneira de acumular pontos é se inscrever em clubes de milhas, que funcionam como assinaturas de streaming. Mas, neste caso, a pessoa paga uma taxa mensal e recebe um número de milhas.
No clube Smiles, da GOL, por exemplo, a partir de R$ 39,90 mensais, o usuário recebe 1.000 milhas por mês, além de 7.000 no momento da adesão ao plano.
É preciso ter atenção porque as milhas têm validade, sendo que cada companhia tem regras próprias.
**COMO SABER SE TENHO MILHAS?**
Coelho diz, por exemplo, que não é porque você voou em determinada companhia aérea que já está acumulando pontos. Antes de viajar, é preciso se inscrever em um programa de milhagem.
**COMO GANHAR MILHAS COM CARTÃO DE CRÉDITO?**
Basta verificar se a empresa do seu cartão de crédito possui algum programa que converta seus gastos em milhas ou pontos.
**COMO TROCAR PONTOS POR MILHAS?**
Por meio de cadastro em um programa de milhagem que ofereça a opção de trocar pontos por milhas.
Por exemplo: se você tem 1.000 pontos no seu cartão de crédito de uma determinada bandeira, acesse o aplicativo e solicite a transferência desses pontos para o programa de milhas de uma empresa aérea.
**COMO VENDER MILHAS?**
A forma mais comum de realizar a venda é por meio da concessão da senha de acesso ao programa de milhas para um intermediário, que geralmente é uma empresa.
Essa companhia, por meio de sistemas pré-programados, busca encontrar trechos e opções de milhas disponíveis, para posteriormente revendê-las a um terceiro.
Coelho alerta que isso pode ser arriscado:
– Para quem vende: sua milha pode ser vendida por uma pessoa que está sendo procurada pela polícia, por exemplo. Se algo acontecer com a sua passagem, você pode ser questionado sobre ter cedido milhas. Dá até para alegar que fez a venda através do sistema de milhas, mas, ainda assim, pode haver complicações.
– Para quem compra: Não tem garantia alguma, pois sua relação não é direta com a empresa aérea. Você é apenas o usuário final que adquiriu uma passagem de outra pessoa para utilizar. Se ocorrer algum problema, o comprador não tem a quem cobrar.
A crise da 123milhas, por exemplo, levou dívidas e apreensão a quem vendia milhas aéreas e essa modalidade de negócios sofreu abalo com o colapso da empresa e de sua parceira, a HotMilhas.
COMO COMPRAR PASSAGEM COM MILHAS?
Se você possuir a quantidade de milhas necessária, pode trocar imediatamente e emitir sua passagem na hora. Se não, em alguns casos, é possível trocar uma parte das milhas e complementar o pagamento com dinheiro.
QUAL É O MELHOR PROGRAMA DE MILHAS?
Depende do perfil de cada consumidor. “Há programas individuais nos quais as milhas são acumuladas e resgatadas em compras de produtos e serviços da própria marca. Existem também os programas de coalizão, que permitem aos usuários receber benefícios ao consumir produtos de diferentes marcas pertencentes ao mesmo ambiente”, diz Curro.
QUANTAS MILHAS PRECISO PARA VIAJAR?
Vai depender do destino, dos assentos disponíveis, horários dos voos e do período da viagem. Para saber a quantidade de milhas necessárias, consulte sempre o site das companhias aéreas.
VITORIA PEREIRA / Folhapress