Rede municipal de saúde de SP tem 14 internados com dengue

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A rede municipal de saúde de São Paulo tem atualmente 14 pessoas internadas com dengue em diferentes regiões da cidade. De acordo com a prefeitura, a maioria dos pacientes está tratando a forma clássica da doença, sendo nove adultos e três crianças. Entre os hospitalizados, há ainda dois adultos com dengue grave (antigamente chamada de hemorrágica), que pode levar a múltiplas complicações.

Nas três primeiras semanas do ano, a SMS (Secretaria Municipal de Saúde) contabilizou 1.792 casos da doença, um recorde histórico para o período. Na cidade, a cada 100 mil habitantes, 15 foram diagnosticados com dengue.

Distritos descentralizados, como Itaquera (zona leste), Jaguara (zona oeste) e Campo Limpo (zona sul) são os que concentram maior volume de casos. Até o momento não houve registro de óbitos por dengue no município em 2024.

Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue é causada por um vírus que tem quatro subtipos diferentes. A infecção em humanos gera resposta imunológica protetiva -ou seja, depois de curado, o paciente estará protegido contra aquela variante. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, os sorotipos 1 e 2 do vírus são os mais comuns no Brasil.

Contudo, uma nova infecção por um subtipo diferente do vírus pode ocasionar uma resposta imune exacerbada, conhecida como tempestade de citocinas, que por sua vez resulta na dengue com complicações. “Na ânsia de proteger nosso corpo contra o vírus, a gente acaba por desencadear processos que são deletérios ao nosso organismo”, afirma o infectologista do Hospital das Clínicas Evaldo Stanislau de Araújo.

“Na dengue com complicações nós temos um fenômeno que é a vasodilatação, o aumento da permeabilidade dos vasos. E com isso, um dos primeiros efeitos é o extravasamento de líquidos que deveriam estar dentro dos vasos sanguíneos para outros espaços corpóreos”, explica o médico.

Outros efeitos da vasodilatação são a queda da pressão arterial e o aumento da concentração do sangue, que por sua vez podem resultar em consequências clínicas graves, como colapso circulatório, falência de órgãos, derrame cavitário e quadros hemorrágicos.

As complicações atreladas à doença costumam evoluir rapidamente, de acordo com Araújo. “De manhã o paciente pode estar bem, e de noite ele pode estar muito grave. Por isso, quando uma pessoa tem dengue, ela precisa ser avaliada pelo médico para fazer alguns exames prognósticos, como o hemograma, e a partir daí a gente vai definir se precisa de um acompanhamento mais de perto.”

Araújo alerta ainda para os riscos da automedicação. “Aspirina ou anti-inframatórios potencializam o risco de sangramento e também podem trazer algumas complicações hepáticas associadas à dengue. Para a dor, a gente recomenda o paracetamol ou a dipirona, que são bons analgésicos e antitérmicos”.

No tratamento, a hidratação é fundamental para evitar as consequências mais graves da doença, e deve ser iniciada assim que identificados os primeiros sintomas. A dengue tradicional é caracterizada por sintomas como febre, mal-estar e dores nas articulações e atrás dos olhos, e costuma atingir com mais gravidade idosos e crianças pequenas.

Questionada sobre ações preventivas, a Prefeitura de São Paulo respondeu que aumentou o número de agentes nas ruas para combater a dengue, que passou de 2.000 para 12 mil, e que houve também a aquisição de 15 mil litros de inseticidas para a nebulização (fumacê) contra o mosquito Aedes aegypti.

A gestão Ricardo Nunes (MDB) também afirma que ampliou a frota de carros para transporte dos agentes com 113 minivans e 30 novos equipamentos de nebulização veicular e que fez a aquisição e distribuição de 20 mil armadilhas de autodisseminação de larvicida em todas as regiões da cidade, com histórico de maior incidência de casos da doença.

“Neste ano, já foram realizadas 306.619 ações de prevenção ao Aedes aegypti e, em 2023, foram 5.317.437 ações, tais como visitas casa a casa, vistorias a imóveis e pontos estratégicos, ações de bloqueios de criadouros e nebulizações, orientações à população, entre outras atividades”, diz em nota.

COMO ELIMINAR FOCOS DE DENGUE

– Tampe a caixa d’água e outros reservatórios de água

– Retire folhas ou sujeiras que podem gerar acúmulo de água nas calhas

– Guarde pneus em locais cobertos

– Guarde baldes e garrafas com a boca virada para baixo

– Realize limpeza periódica em ralos, canaletas e outros tipos de escoamentos de água

– Limpe e retire acúmulo de água de bandejas de ar-condicionado e geladeiras

– Lave as bordas dos recipientes que acumulam água com sabão e bucha

– Jogue as larvas na terra ou no chão seco

– Para grandes depósitos de água e outros reservatórios de água para consumo humano é necessária a presença de agente de saúde para aplicação do larvicida; Utilize areia nos pratos de vasos de plantas

– Retire água de plantas como bambu e bromélias

– Limpe as piscinas

– Guarde ou jogue no lixo os objetos que podem acumular água

LEONARDO ZVARICK / Folhapress

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