SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (1º) que indicou o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo Ricardo Mello Araújo, para compor a chapa de Ricardo Nunes (MDB) à reeleição para a prefeitura da capital paulista neste ano.
“Vou falar pela primeira vez, vai ser para a [revista] Oeste. Sim. Não é o coronel Mello Araújo, é o ex-comandante da Rota, uma unidade da Polícia Militar respeitada por São Paulo e conhecida pelo Brasil todo”, afirmou, perguntado em entrevista se o militar seria o escolhido.
Ele disse também na entrevista ver a cidade como “jogo de War” e que, apesar de preferir uma candidatura de Ricardo Salles (PL) para o Executivo municipal, a decisão de apoiar Nunes foi tomada em conjunto com o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, e que o deputado terá outras oportunidades para concorrer.
O ex-mandatário elogiou o ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e o chamou de “miniprefeito”, em referência ao tempo em que Araújo presidiu a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), afirmando que ele colocou “ordem na casa”.
“O Mello Araújo montou a sua equipe, em grande parte de colegas dele da Polícia Militar, em grande parte da Rota, e botou ordem na casa. A Ceagesp passou a ser conhecida como uma cidade onde 50 mil pessoas transitavam por ali, e passou a ter ordem ali”, disse na entrevista para a revista Oeste.
Alinhado a fala de Nunes, Bolsonaro disse que caberá ao atual prefeito avalizar ou não a indicação, mas que, em caso positivo, o apoio a ele está consolidado.
Na segunda-feira (29), após reunião com Valdemar Costa Neto, em que disse ter recebido dele e de Bolsonaro a sugestão de que seu vice seja Mello Araújo, Nunes disse que ainda não havia decisão tomada.
Sobre Salles, que desistiu de concorrer após acordo de Bolsonaro com Nunes, o ex-presidente declarou que tinha uma preferência pelo deputado. Completou, porém, que Valdemar constatou a impossibilidade do ex-ministro do Meio Ambiente de derrotar o também parlamentar Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à capital paulista com o apoio de Lula (PT).
“Em São Paulo, o Valdemar conduziu e achava, segundo ele, segundo pesquisas, o entendimento dele, que o Salles não teria sucesso para derrotar o atual outro candidato”, se referindo então a Boulos como “invasor de casa” e “eterno desocupado”.
Bolsonaro, então, teceu elogios a Salles e disse que ele pode ter outra oportunidade, no futuro, de concorrer à Prefeitura de São Paulo, citando a boa votação como deputado federal ele teve quase 641 mil votos no estado em 2022.
“Lamento, repito, do coração, eu queria o Ricardo Salles, mas é parte. O Salles é jovem ainda, um cara extremamente inteligente. Tem o pavio curto, eu já tive o pavio curto igual ele, acredito que num próximo momento essa prefeitura com toda certeza pode ir para o Ricardo Salles”, concluiu.
Também na entrevista, o ex-presidente disse ser alvo de uma “PF paralela”, em referência às operações de busca e apreensão que vem sofrendo desde que deixou o Palácio do Planalto, e declarou que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), escolheu agentes a dedo para perseguir opositores.
Voltou a negar ter criado uma “Abin paralela” em seu governo para receber informações de inteligência de órgãos de Estado para benefício próprio, e afirmou ser centro destas operações, que, segundo ele, o perseguem.
Na segunda-feira, após diligências deflagradas pela Polícia Federal na casa dele de Angra dos Reis (157 km do Rio de Janeiro), o ex-presidente afirmou à coluna Mônica Bergamo que o objetivo das ações é o de “esculachar” com ele e sua família.
“Eles querem a minha cabeça, vão ter somente na base da arbitrariedade”, completou o ex-mandatário.
MATHEUS TUPINA / Folhapress