Veja medidas para evitar que as crianças peguem dengue na volta às aulas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A volta às aulas coincide com a época de chuvas de verão e, em um ano em que a dengue vem batendo recordes de casos, também é hora de uma rotina mais intensa de prevenção contra a arbovirose. De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, a doença pode causar quadros graves em crianças e adolescentes, sendo a prevenção a melhor alternativa.

Pais e escolas, portanto, devem se unir para reforçar boas práticas, uso de repelentes e vacinação contra a doença. O calendário de vacinação para doença começa agora no mês de fevereiro e a iniciativa coloca o Brasil como primeiro país do mundo a oferecer o imunizante contra a dengue no sistema público de saúde.

A previsão do Ministério da Saúde é que 3,2 milhões sejam vacinadas com duas doses (com intervalo de 3 meses entre elas) neste ano. A pasta vai disponibilizar as doses para 37 regiões de saúde que estão distribuídas em 16 estados e o Distrito Federal, priorizando aqueles com alta transmissão da doença e incidência do sorotipo 2 do vírus. A iniciativa abrangerá mais de 500 municípios e priorizará a imunização de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, que têm maior taxa de hospitalização pelo vírus.

Como nem todas as faixas etárias podem ainda se imunizar pelo sistema público, a médica pediatra Fernanda de Souza Dias, coordenadora do serviço de pediatria da Beneficência Portuguesa de São Paulo, reforça a necessidade de pais e escolas incentivarem a manutenção de ambientes limpos, arejados e sem acúmulo de água parada em pratos de plantas, potes ou qualquer recipiente.

“O principal é orientar as crianças quanto ao perigo do acúmulo de água. A dengue é uma doença evitável, e depende muito de nós. Vacinação [também] pode ser uma excelente opção para a população”, afirma Dias.

A imunização com a nova vacina da dengue, a Qdenga, já está disponível desde o ano passado na rede particular e pode ser aplicada em crianças acima de 4 anos —valor de cada dose custa a partir de R$ 400.

O médico Stefan Cunha, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, defende também que, além de imunização, haja também investimento em discussão sobre o tema em sala de aula.

“É preciso ficar de olho para não deixar nenhuma coleção de água como criadouro do Aedes aegypti, discutir isso com as crianças. O papel das escolas como disseminador da campanha contra o mosquito é importante. Os alunos vão assimilar e ser disseminadores dessa informação em casa, para os seus familiares”, reforça Cunha.

O uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão é outra prática preventiva recomendada.

SINTOMAS EM CRIANÇAS PODEM PASSAR DESPRECEBIDOS

Apesar de febre alta (acima de 38ºC) ser o principal sinal de alerta, os pais devem estar atentos a outras sintomáticas como falta de apetite, mal-estar, dor atrás dos olhos, dor de cabeça, dores nas articulações e manchas pelo corpo nos filhos.

A infecção por dengue também pode ser assintomática ou apresentar quadros leves, mas perceber a presença da arbovirose ajuda a estar preparado para reinfecções que podem levar a quadros mais graves, como o de dengue com hemorragia. “A hemorrágica é uma variante da doença já conhecida, pode causar sangramentos em diversos órgãos sendo mais grave que a 1ª variante”, reforça Dias.

Criança podem também apresentar vômito e diarreia, sendo as menores as mais suscetíveis ao subdiagnóstico. “Essas manifestações em crianças pequenas podem se manifestar com choro. Ficam chorando o tempo todo ou mostram irritabilidade, fraqueza, não querem comer. Por tudo isso, os pais vão ter que ficar atentos nesse momento de epidemia”, afirma Cunha.

De acordo com o Ministério da Saúde, “todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte”. A arbovirose pode gerar sintomas por um período que varia de 10 dias a 15 dias e debilita muito o paciente

O ministério afirma que “não existe necessidade da realização de exames específicos para o tratamento da doença, já que é baseado nas manifestações clínicas apresentadas”, mas para apoiar o diagnóstico “existem disponíveis técnicas laboratoriais para identificação do vírus.”

Não existe tratamento específico para dengue e as recomendações durante a fase aguda são apenas “repouso, ingestão de líquidos, não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos, bem como retorno para reavaliação clínica conforme orientação médica”.

DANIELLE CASTRO / Folhapress

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