SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma mulher negra, identificada como Mirian Guedes, disse ter sido acusada injustamente de furtar uma loja da rede Daiso Japan Brasil, no Shopping Metrô Tucuruvi, na zona norte de São Paulo. O caso ocorreu na última terça-feira (30).
Guedes publicou no Instagram e no Facebook quatro vídeos gravados com celular -três deles por ela mesma- com a abordagem de dois funcionários e a longa espera pela polícia. As gravações não mostram se policiais chegaram ao local para revistar sua bolsa, como ela queria.
Tanto na quarta (31) quanto na quinta (1º), a reportagem enviou mensagens para Guedes, por meio do Instagram e do Facebook, e não recebeu resposta.
Em nota publicada em redes sociais, a Daiso disse averiguar os detalhes do ocorrido e que repudia qualquer ato de constrangimento, discriminação, preconceito ou racismo.
O shopping diz que, assim que soube do caso, acionou o lojista para obter esclarecimentos e que “repudia qualquer tipo de discriminação, defendendo a diversidade e a igualdade de direitos”.
Em um dos vídeos, a mulher avisa a dois funcionários, uma mulher e um homem, que iria gravar após ser abordada. Eles estão em um corredor do shopping, no andar de cima, longe da loja.
Na sequência, a cliente entrega à funcionária uma sacola com compras que havia feito na loja. A funcionária, então, começa a retirar os produtos e checar o valor de cada um deles com a nota, conferida pelo homem que a acompanhava.
Terminada a conferência, a cliente ouve da funcionária que o “que tinha na sacola estava ok”. Em seguida, Guedes pergunta se pode devolver os produtos, pois não queria mais ficar com produtos adquiridos na loja.
A cliente pede para falar com o segurança, e a representante da Daiso diz que ele não está. Ao ser questionada por Guedes sobre quem disse que ela havia pegado alguma coisa, a funcionária responde que foram as câmeras, também segundo a gravação com celular.
A partir daí, a compradora exige ver as câmeras e anuncia que vai chamar a polícia para que revistem sua bolsa.
Todos se dirigem à loja e as duas chegam a discutir no caminho. A funcionária pede que o rosto dela não seja filmado, e a consumidora rebate dizendo que ela não tinha o direito de revistar suas coisas, pois não era policial.
A mulher reclama de constrangimento na abordagem e avisa que vai processar a rede.
Já no interior da loja, os dois funcionários vão para parte de trás de um balcão, enquanto a cliente fica do lado de fora. Ela grava mais vídeos na espera, sem ter mais resposta dos trabalhadores.
As imagens mostram a empregada da loja no fundo do balcão, primeiro, supostamente olhando um computador, depois ao telefone.
Numa das gravações, Guedes joga os pertences que estavam em sua bolsa no balcão. Segundo ela, havia um grampeador, um estojo, um estilete e uma embalagem com imãs, além de uma nota de compra.
Um vídeo feito por outra pessoa mostra a consumidora diante de um segurança. Ela diz ter sido constrangida e humilhada. Nas gravações, a cliente afirma que “queria ver se fosse com outro estereótipo”.
Ela encerrou a gravação dizendo que a bateria do seu celular estava no fim. Os vídeos foram compartilhados em redes sociais.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que duas mulheres, de 35 e 25 anos, e um homem, de 33, foram levados ao 73°DP (Jaçanã) após o desentendimento na loja.
“A Polícia Militar foi acionada para atender a ocorrência. No local, a mulher de 35 anos relatou que um funcionário do estabelecimento teria a acusado de furto e alegou que a acusação foi devido a questões raciais. Os funcionários da loja, por sua vez, alegaram que foram ofendidos. O caso foi registrado como calúnia, injúria e preconceito de raça ou cor”, afirmou a pasta.
Em suas redes sociais, a Daiso Japan Brasil afirma que lamenta profundamente o caso.
“A fim de apresentarmos uma nota oficial, bem como a melhor solução para o referido caso, a loja está averiguando os detalhes do ocorrido, incluindo a análise de todos as câmeras de segurança, depoimentos e tudo o que for necessário para a apuração dos relatos veiculados. Com isso, anunciaremos nossa posição final em relação aos envolvidos e, em especial, com nossa cliente”, diz trecho da nota.
“Por fim, frisamos que a Daiso repudia todo e qualquer ato de constrangimento, discriminação, preconceito e/ou racismo, seja por quem for. Tão logo sejam apurados os detalhes do caso, agiremos com total integridade e justiça”, completa.
Redação / Folhapress