Cidades do interior paulista concentram mortes por dengue no estado

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – Ao menos sete pessoas morreram em decorrência de complicações da dengue no estado de São Paulo. Todos os óbitos ocorreram em municípios do interior com menos de 300 mil habitantes. As mortes foram registradas entre dezembro e janeiro.

Os municípios que já confirmaram as mortes pela doença são: Jacareí (2), Bebedouro (2), Pindamonhangaba (2) e Dois Córregos (1). Três dessas mortes já contabilizadas pelas prefeituras ainda não entraram na contagem oficial do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) do estado.

Além das mortes, a Secretaria de Estado da Saúde registrou 19.243 casos da doença até o dia 27 de janeiro, data da última atualização fornecida pela pasta.

Do total de casos, 1.792 foram registrados na capital paulista. A cidade de Pindamonhangaba já registrou número superior de casos, com 1.930.

Para tentar frear o avanço da doença e o número de mortes, na quarta-feira (31), o prefeito de Bebedouro, Lucas Seren (PL), anunciou que o município vai multar em R$ 1.400 proprietários de casas e terrenos que forem reincidentes no descumprimento das medidas de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti.

A multa seria a imóveis cujos donos impeçam de entrar agentes ou que estejam sem terrenos limpos e que tenham criadouros.

“Não podemos permitir que uma parcela pequena de pessoas prejudique severamente aqueles que fazem sua parte no combate contra a dengue”, disse em vídeo nas redes sociais.

Segundo dados estaduais, a cidade já registrou 155 casos de dengue neste ano. Uma ala de atendimento exclusivo para pacientes com sintomas da doença foi aberta na quinta-feira (1º) no hospital municipal.

Moradora da cidade há três décadas, a manicure Marilda Soares, 53, conta que já teve dengue duas vezes, a última foi na primeira semana de janeiro, com os sintomas mais intensos.

“Na primeira vez tive dor no corpo e um pouco de dor de cabeça. Desta vez foi muito mais forte, me derrubou mesmo. Tive que ir ao hospital tomar soro duas vezes”, conta.

Assim como ela, a estudante Raíssa Manuele Matias, 22, também teve dengue neste ano. Ela acredita que contraiu a doença devido a entulhos em um terreno próximo à sua casa, no bairro Jardim Cláudia, e que acumula água parada.

“Aqui a gente cuida do quintal e sempre olha para não ficar nada jogado que possa acumular água. Mas nem todo mundo faz o mesmo. Acho ótimo que vai ter multa para essas pessoas, assim quem sabe todos se preocupam em cuidar dos seus espaços”, diz.

Em Jacareí, a situação é semelhante. Com duas mortes e 1.608 casos positivos da doença, a cidade decretou estado de emergência, na segunda-feira (29). O decreto permite que a prefeitura adote “todas as medidas administrativas necessárias, como a contratação de serviços de aquisição de materiais e a contratação de serviços para combater a epidemia”.

As mortes, segundo a prefeitura, foram de dois homens, de 84 e 74 anos, ambos com comorbidades.

Moradora do bairro Bandeira Branca, a diarista Luzia Aparecida Gonçalves, 57, relata que ficou três semanas sem trabalhar após contrair dengue. Com sintomas como dor no corpo e dor de cabeça, ela diz que está retomando o trabalho aos poucos.

“Eu ainda me sinto muito cansada e não consigo fazer faxina todo dia. Estou pegando duas por semana só”, diz.

Ainda segundo a mulher, no bairro, diversas pessoas também tiveram a doença.

“Minha vizinha, o filho dela e várias outras pessoas da rua também tiveram dengue. O bairro está infestado”, acrescenta.

Segundo a prefeitura, no bairro já foram registrados 279 casos da doença. O alto índice fez com que um arrastão de limpeza fosse realizado no local nesta semana.

Outra cidade do interior, Pindamonhangaba também registrou dois óbitos pela doença. Segundo a prefeitura, eles ocorreram em dezembro.

Neste ano, a cidade já soma 1.930 casos da doença, número muito superior aos 15 casos registrados no mesmo período de 2023.

Em Dois Córregos, cidade com pouco mais de 27 mil habitantes, uma morte e 473 casos confirmados de dengue já foram registrados neste ano. Outros 114 casos da doença ainda aguardam confirmação.

Ações de limpeza também estão sendo realizadas na tentativa de frear o avanço da proliferação do mosquito Aedes aegypti e arrastões serão realizados em todos os bairros da cidade.

SIMONE MACHADO / Folhapress

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