Como fortalecer a saúde para sobreviver à folia de Carnaval

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Carnaval para mim é coisa séria. Apesar de falarmos que “brincamos carnaval”, a folia é, no mínimo, uma brincadeira organizada. São em média sete dias de acordar muito cedo e dormir muito tarde, andar incontáveis quilômetros sob o sol e, eventualmente, tomar chuva, consumir bebida alcoólica, passar o dia inteiro em pé e dançar em grandes aglomerações. Para aguentar, é necessário disciplina e comprometimento.

Em fevereiro do ano passado, viralizou nas redes sociais um vídeo em que a atriz Valentina Bandeira defendia o respeito ao “caos”. “Carnaval não é férias, é disciplina, é vitamina C, é beber água a semana inteira”, disse a influenciadora, com quem eu concordo.

Fortalecer a saúde para o Carnaval é ideal para aproveitar ao máximo a folia. Tenho amigos que começaram a se preparar, inclusive com rotina de exercícios físicos, desde o ano passado. Mas se você esqueceu, não se preocupe. Aqui vão algumas dicas de como turbinar o corpo antes e durante os festejos.

O BÁSICO

Nesses últimos dias úteis que antecedem o Carnaval, o indicado é: bom sono, boa dieta e exercício físico, diz o infectologista João Prats, médico da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

“Essas três coisas são super difíceis de fazer, mas simples ao mesmo tempo. Elas vão te ajudar imunologicamente”, afirma, ressaltando que não há como melhorar a imunidade de um dia para o outro.

“A atividade física e alimentação saudável com frutas e alimentos frescos são essenciais para garantir resistência a essa maratona”, diz a médica Aline Camille Yehia, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica em Minas Gerais.

Para não pegar uma das viroses comuns no período do Carnaval antes mesmo da largada, os especialistas aconselham estar com as vacinas em dia, atentar-se à higiene das mãos e manter-se hidratado.

Na hora de fazer exercícios, o fisioterapeuta e professor Leonardo Brito aconselha que as pessoas foquem nos membros inferiores e na coluna lombar “Essas regiões estarão em atividade constante para sustentar muitas horas em posição de pé, caminhando e dançando”, diz o diretor da Associação de Fisioterapeutas do Brasil.

A infectologista Lina Miranda Rodrigues indica ainda um cuidado para quem terá relações sexuais nesse período: “Existe a terapia pré-exposição para não pegar HIV”. A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), disponível no SUS (Sistema Único de Saúde), consiste na administração de comprimidos que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV.

E LÁ NA HORA?

Se você já fez o básico ou se acha que nem o básico vai conseguir fazer, o próximo passo é se prevenir durante os dias da folia.

Os especialistas indicam novamente hidratação frequente (com água), alimentação com comidas leves e de fácil digestão e consumo moderado de bebidas alcoólicas. A infectologista Yehia pede para evitar longos períodos em jejum, uma vez que trazem risco de queda de glicose, causando tontura e desmaio.

Mas na hora de se alimentar na rua, também é necessário cuidado. Prats afirma que o ideal é só comer alimentos que são servidos quentes. “A chance de você ficar doente é bem menor. A fervura do alimento mata muito bem boa parte das bactérias”, afirma. Segundo ele, também é bom evitar alimentos que são mal cozidos, como frango.

Para aguentar fisicamente, o fisioterapeuta Brito aconselha que os foliões façam alongamentos antes, durante e após o dia de festa; busquem sentar em alguns momentos; usem calçados confortáveis, como os tênis para caminhada e corrida; façam massagem na planta do pé ao final de cada dia e, em caso de inchaço nos membros inferiores, mantenham as pernas elevadas.

Para a difícil função de evitar viroses, Rodrigues aconselha que as pessoas evitem pisar em água parada —ou seja, de preferência usem botas—, e que levem consigo pequenos potes de álcool 70 para higienizar as mãos, além de uma garrafinha de água para lavar as pernas e pé caso não esteja de sapato fechado.

Além disso, a especialista pede para que não segurem a urina por muito tempo, para evitar infecção urinária.

Outra dica para quem for manter relações sexuais é não esquecer do preservativo e, caso não tenha feito a PrEP e não tenha usado preservativo, procurar a terapia de pós-exposição no SUS.

O QUE FAÇO SE NÃO DER CERTO?

Se você começar a apresentar tosse, febre, mal-estar, falta de apetite, coriza e dor de garganta, pode estar com uma virose respiratória. Já se os sintomas forem febre, náusea, falta de apetite, vômito e dor abdominal, pode ser uma virose intestinal.

A médica Yehia afirma que é indicado, nas viroses respiratórias, a ingestão de bastante líquido, soro fisiológico para lavagem das narinas e medicamentos para aliviar dor e febre. Já nas viroses gastrointestinais, além da ingestão de bastante líquido, em determinados casos, pode ser usado o probiótico e o zinco para repor as perdas —com consulta médica.

O ideal é que, pelo menos, a virose venha só depois dos dias de folia. Para você, que como eu, leva esses dias de festa muito a sério: aproveite as dicas e uma boa bagunça organizada.

GEOVANA OLIVEIRA / Folhapress

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