SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Comando da Polícia Militar resolveu colocar a tropa de “sobreaviso” após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo e do cabo José Silveira dos Santos, do Baep (Batalhão de Operações Especiais), em menos de uma semana em Santos, na Baixada Santista. Outras nove pessoas morreram em confrontos com PMs na mesma região do estado desde o dia 3, horas após o assassinato de Cosmo.
Para a corporação, a quebra da ordem pública por meio de atos de violência é um evento extremamente grave e que impacta profundamente a sociedade.
A medida foi colocada em prática na quarta-feira (7) e será mantida até segunda ordem, conforme documento obtido pela reportagem. O informativo é assinado pelo subcomandante da PM José Alexander de Albuquerque Freixo.
Na mesma data o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, anunciou reforço de policiamento na Baixada Santista com o envio de equipes da capital e do interior. A estrutura da pasta foi transferida momentaneamente para Santos devido à onda de violência.
O objetivo do sobreaviso é efetuar “pronta resposta da Polícia Militar frente a qualquer tipo de quebra da ordem pública, por meio de ações de Polícia Ostensiva e Policiamento Inteligente”, diz trecho da ordem de serviço.
O documento abrange todos os órgãos de Direção Geral, de Direção Setorial, de Apoio, de Assessoria e de Execução, dentro das peculiaridades de cada uma delas.
Com a medida, todos os policiais militares devem vestir o uniforme operacional de acordo com a respectiva unidade.
O sobreaviso deve reforçar a presença da PM nas ruas, com maior quantidade de bloqueios em vias, carros da PM estacionados em determinados pontos, além de patrulhamento em corredores de grande fluxo de veículos. Rodovias também devem receber atenção especial por parte da Polícia Militar.
O sobreaviso não impõe aquartelamento, ou seja, o recolhimento da tropa, mas podem ser determinadas revistas extraordinárias, a critério do comandante. As folgas devem ser obrigatoriamente gozadas nas residências ou, então, deve-se ficar em condições de acionamento, caso a situação exija.
Tal documento tem três páginas e em seus cabeçalhos o termo “Reservado” escrito em vermelho e em caixa alta.
O texto ainda informa que as unidades administrativas deverão estar em plenas condições de atuar na atividade operacional, caso o nível de segurança seja modificado para nível S 3 (prontidão no quartel).
Oficiais explicaram para a reportagem que o regime de trabalho do policial militar possui três níveis: S1, em dias de normalidade; S2, nível atual, em que se pode tirar o dia de folga, mas há necessidade de estar pronto para retomar o serviço, e S3, em que devido à gravidade da situação, é necessário o aquartelamento.
A reportagem procurou a Polícia Militar para a confirmação do documento. A corporação respondeu que, “tendo em vista o caráter reservado do documento, solicitamos que envie o pedido ao SIC, para que haja análise jurídica e técnica, conforme Lei de Acesso à Informação, de viabilidade quanto ao fornecimento das informações solicitadas”.
PAULO EDUARDO DIAS E ROGÉRIO PAGNAN / Folhapress