SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania manifestou preocupação com a escalada de violência e mortes em cidades da Baixada Santista, no litoral sul de São Paulo.
Ministro conversa com ouvidor sobre a violência no território. O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Cláudio Silva afirmou ao UOL que acionou o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, neste sábado (10), após receber denúncias de violações de direitos dos moradores do litoral sul de São Paulo.
O ministério disse que as denúncias se tratam de “graves violações”. O órgão informou, por meio de nota, que vem a vem a público externar “a preocupação do governo federal diante dos relatos recebidos pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos de que que graves violações de direitos humanos tem ocorrido durante a chamada ‘Operação Escudo'”.
A pasta afirmou ainda que acompanha as ações de policiamento nas cidades desde o início das operações. “Por meio da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e do Disque 100, [o ministério] acompanha a situação desde o início e permanecerá em contato com as autoridades locais e com organizações de direitos humanos, para que a violência cesse e a população do litoral de São Paulo possa viver em segurança.”
A Ouvidoria disse que acompanha com ‘apreensão’ o ‘crescente volume de denúncias’ na região. Segundo o órgão, os relatos indicam “aumento crescente e desproporcional da violência”. “A partir de denúncias que nos tem chegado através de moradores e grupos em redes sociais, com vídeos, fotos e áudios, nota-se um recrudescimento assimétrico da violência nos últimos quatro dias, com ênfase para a sexta-feira (9)”, disse o órgão, por meio de nota.
A Ouvidoria também prevê uma visita aos territórios com mais relatos de violência. O objetivo da visita é “contatar esses moradores que tem enviado denúncias e reclamações, incluindo uma interlocução com o próprio gabinete da Secretaria de Segurança Pública do estado, instalado naquele território.”
TRANSFERÊNCIA DE GABINETE E ENVIO DE REFORÇO POLICIAL
Na última semana, o secretário, Guilherme Derrite, transferiu o gabinete da capital para Santos. O objetivo da mudança é coibir o crime organizado de forma mais “efetiva”, após a morte de policiais na região, declarou Derrite em coletiva de imprensa.
Derrite anunciou ainda o aumento do efetivo de policiais na terceira fase da Operação Verão. Foram enviados policiais do 5º, 6º e 15º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) de São Paulo para reforçar o policiamento nos territórios.
Presença de Derrite pode inibir eventuais excessos, diz Silva. Na avaliação do ouvidor, por um lado, a atuação do gabinete e do secretário pode inibir ilegalidades. Por outro, segundo ele, “aumenta a responsabilidade da secretaria” caso ocorram excessos. “O fato de ele estar lá, dirigindo as ações, faz com que ele chame para si a responsabilidade pelas ações.”
Combate ao crime organizado, diz SSP. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo diz que “o policiamento preventivo e ostensivo na Baixada Santista foi reforçado para proteger a população”. A pasta diz, ainda, que as ações de combate ao crime organizado continuam.
BAIXADA SANTISTA: 17 MORTES EM 1 SEMANA
Onda de mortes após assassinato de PM. A escalada de violência na Baixada Santista começou após a morte de um soldado da Rota, a tropa de elite da PM, baleado em uma ação no dia 2 de fevereiro em Santos.
Sete mortes no fim de semana. Só no último fim de semana, ocorreram sete mortes em confrontos na região seis dos sete corpos chegaram sem identificação ao IML. As ações ocorreram em um raio de sete quilômetros entre Santos e São Vicente.
Morte de outro PM. Na última quarta-feira (7), a morte em confronto de outro agente desencadeou uma nova escalada de violência. No mesmo dia, outras seis pessoas morreram em ações da PM. Uma delas foi um homem filmado caindo do quarto andar de um prédio enquanto fugia da PM por suspeita de envolvimento na ação que havia matado o agente no mesmo dia.
Quatro mortes em dois dias. Nos últimos dois dias, houve quatro mortes em ações da PM duas delas na quinta e as outras duas na sexta-feira.
FABÍOLA PEREZ E HERCULANO BARRETO FILHO / Folhapress