A colunista da Novabrasil, Carla Tieppo, cita estudos que mostram a importância da letra cursiva do desenvolvimento cerebral de crianças
Mais de dez anos depois de ter sido abandonado por escolas da Califórnia, o ensino da letra cursiva no estado americano está sendo resgatado neste ano. Educadores levaram em consideração pesquisas que mostram a importância da chamada “letra de mão” no desenvolvimento do cérebro das crianças.
E esse foi o assunto nesta semana da coluna “Cérebro Forte” com a neurocientista Carla Tieppo. Em conversa com os apresentadores do ‘Nova Manhã’, Michelle Trombelli e Roberto Nonato, Carla destacou que a curiosidade das crianças sobre essa técnica de escrita deve ser o ponto de partida para o aprendizado.
“A escrita cursiva é um tipo de motricidade fina muito elaborada e necessária justamente porque as pessoas passam a treinar e organizar algumas áreas cerebrais que serão importantes para tarefas sequencias, difíceis e que vão requerer essa habilidade no futuro”, diz ela.
É um desafio importante a ser apresentado às crianças e cultivado também na vida adulta, ela acrescentou. “Se a pessoa não escreve à mão, seria bom que fizesse crochê, bordado, marcenaria, qualquer coisa que obrigasse as mãos a ordenarem movimentos complexos, porque isso faz parte do desenvolvimento do cérebro. Nosso cérebro evoluiu como evoluiu justamente pela nossa capacidade de utilizar as mãos em movimentos sutis e organizados”
A neurocientista ainda alerta que uma criança que não escreve não necessariamente apresenta algum tipo de déficit, mas certamente deixa de explorar uma parte da sua capacidade cerebral. Além disso, a escrita é uma característica da individualidade da pessoa e ajuda na capacidade de se expressar como indivíduo único.
Carla Tieppo reforça que a maneira de ensinar a letra cursiva é muito importante, porque, em alguns casos e escolas, pode estar sendo apresentada antes da hora à criança e isso pode, sim, gerar algum bloqueio ou trauma em relação a esse aprendizado. Depois de adultos, é importante que as pessoas continuem a exercitar a escrita “qualquer atividade que mantém os circuitos neuronais ‘azeitados’ é bem-vinda”, conclui.