Israel indica 10 de março, início do Ramadã, como prazo para invasão de Rafah

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A operação militar em larga escala de Israel em Rafah, cidade que abriga os deslocados internos da guerra na Faixa de Gaza, pode ocorrer no início do Ramadã, o mês sagrado para o islamismo que se inicia no próximo dia 10, afirmou o ex-ministro da Defesa Benny Gantz.

Membro do gabinete de guerra criado com diferentes forças políticas para as decisões relativas ao atual conflito contra o Hamas, Gantz afirmou que isso ocorrerá caso os mais de cem reféns que seguem em mãos do grupo terrorista não sejam libertados nas próximas semanas.

“O mundo deve saber, assim como os líderes do Hamas: se até o Ramadã nossos reféns não estiverem em casa, os combater vão continuar em todo lado, incluindo em Rafah”, disse neste domingo (18).

Gantz discursava aos membros da Conferência dos Presidentes das Principais Organizações Judaicas Americanas, um guarda-chuva dos grupos que atuam nos Estados Unidos. O premiê Binyamin Netanyahu também discursou no evento no domingo.

O líder do Unidade Nacional –hoje oposição ao governo de Netanyahu– disse que a ação seria coordenada e precedida pela retirada de civis. “E em total diálogo com nossos parceiros dos Estados Unidos e do Egito para minimizar as baixas civis”, seguiu ele.

“Para os que dizem que o preço de uma ofensiva é demasiado elevado, digo muito claramente: o Hamas tem uma escolha –pode se render e libertar os reféns para que os cidadãos de Gaza possam celebrar o feriado sagrado do Ramadã.”

A despeito dos argumentos dados por Tel Aviv, é ampla a desconfiança internacional de que qualquer medida paliativa seria incapaz de conter o dano humano de uma ação em Rafah, especialmente pela enorme quantidade de civis que agora residem naquela porção.

Nesta segunda-feira (19) foi a vez da União Europeia (UE) afirmar que uma operação na região fronteiriça com o Egito “criaria um desastre” para os cerca de 1,5 milhão de palestinos refugiados no local.

“Seria impossível evitar mortes civis”, afirmou em Bruxelas o chefe da diplomacia do bloco, o espanhol Josep Borrell. “E isso, certamente, seria contra a lei humanitária internacional.”

A reunião de chanceleres dos países da UE foi a deixa para que muitos acompanhassem as declarações de Borrell.

“Um ataque em Rafah seria absolutamente catastrófico, inescrupuloso”, afirmou o irlandês Micheal Martin. “Essas pessoas estão exaustas, não têm para onde ir; como alguém pode cogitar criar ainda mais drama?”

A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, também pediu que Israel respeite o direito internacional, ainda que tenha acrescentado que o país tem, claro, direito de autodefesa.

“O mais importante seria que o Hamas entregasse suas armas. Mas Israel tem de seguir a lei humanitária. Mais de um milhão de pessoas foram para o sul porque suas Forças Armadas diziam isso.”

Redação / Folhapress

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