SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em dia morno, a Bolsa brasileira registrou leve oscilação positiva de 0,08% e o dólar subiu 0,14% nesta quarta-feira (21), após a divulgação da ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano). A expectativa era que o documento fornecesse sinalizações sobre o futuro da política de juros dos Estados Unidos, mas não houve impacto significativo no mercado.
Com isso, o Ibovespa atingiu os 130.031 pontos, enquanto a moeda americana terminou o dia cotada a R$ 4,937.
Segundo a ata, a maior parte dos membros votantes do Federal Reserve estava preocupada, na última reunião do banco central norte-americano -realizada nos dias 30 e 31 de janeiro-, com os riscos de cortar a taxa básica de juros cedo demais, com ampla incerteza sobre por quanto tempo os custos dos empréstimos deveriam permanecer no patamar atual.
“Os participantes destacaram a incerteza associada ao tempo que uma postura de política monetária restritiva precisaria ser mantida” para que a inflação voltasse à meta de 2% do Fed, segundo a ata.
Enquanto “a maioria dos participantes destacou os riscos de agir muito rapidamente para flexibilizar a postura da política monetária”, apenas “alguns apontaram os riscos negativos para a economia associados à manutenção de uma postura excessivamente restritiva por muito tempo”.
“A ata do Fed não trouxe fato novo, mas evidenciou a cautela da autoridade monetária dos EUA e a preocupação com o timing para o início da queda dos juros”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
A economista Claudia Rodrigues, do C6 Bank, projeta que o ciclo de corte de juros americanos deve ser iniciado apenas ano terceiro trimestre deste ano, destacando dados de inflação e mercado de trabalho ainda fortes.
“Além disso, membros do Fed têm demonstrado cautela nas declarações desde a última reunião”, afirma Rodrigues.
Dados divulgados após a última reunião do Fed mostraram crescimento do emprego e inflação mais fortes do que o esperado em janeiro. Embora esses relatórios não tenham mudado a opinião geral entre os formuladores de política monetária de que a inflação continuará em queda este ano, eles não contribuíram muito para aumentar a “confiança” que as autoridades desejam antes de flexibilizar a política monetária restritiva usada para combater o pior surto de inflação desde a década de 1980.
Enquanto isso, a equipe do Fed destacou uma variedade de riscos, desde vulnerabilidades “notáveis” no sistema financeiro dos EUA, incluindo a queda dos preços dos imóveis comerciais, até a possibilidade de que “a redução da inflação possa levar mais tempo do que o esperado”. Isso, por sua vez, poderia “desacelerar o ritmo da atividade real” mais do que o esperado.
A ata também mencionou as próximas decisões sobre quando e como parar de reduzir o tamanho do balanço patrimonial do Fed, com “muitos participantes” sugerindo o início de discussões “aprofundadas” sobre a política do balanço patrimonial na próxima reunião de março.
A rápida flexibilização das condições financeiras durante o quarto trimestre de 2023, depois que o Fed começou a sinalizar que os aumentos dos custos de empréstimos provavelmente haviam terminado, já havia se esgotado em grande parte quando as autoridades se reuniram no final de janeiro.
Desde então, o cenário tem sido misto: os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, os chamados “treasuries”, aumentaram em mais de 0,25 ponto percentual, pondo fim, por enquanto, a uma queda nos custos de empréstimos para consumidores e empresas, mas as ações continuaram a atingir recordes.
Com uma ata sem grandes sinalizações e a falta de catalisadores positivos no cenário interno, a Bolsa brasileira terminou o dia praticamente estável.
“O mercado ficou o dia inteiro testando os 130 mil pontos, mas foi perdendo força ao longo do dia. O discurso do Fed não traz muita clareza sobre cortes de juros, e não houve humor positivo no Brasil para o Ibovespa seguir avançando”, diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.
Investidores também repercutiram a divulgação de uma bateria de resultados corporativos recentes, incluindo números Weg, que registrou a maior alta da sessão, de 6,88%.
Redação / Folhapress